Escolhas de uma vida - Pedro Bial
A certa altura do filme Crimes e
Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma
das nossas decisões".
Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu.
Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser,
o destino pouco tem a ver com isso.
Desde pequenos aprendemos que, ao
fazer uma opção, estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo
essa teia que se convencionou chamar "minha vida".
Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo
mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível
conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e
mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é
preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém,
apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e
através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria,
orçamento doméstico e responsabilidades.
As duas opções têm seus prós e
contras: viver sem laços e viver com laços...
Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as
alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.
Quem dera pudéssemos ser uma pessoa
diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais
de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está
cansado. Por isso é tão importante o autoconhecimento. Por isso é necessário
ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que
acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser
apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve
reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.
Mas que essas mudanças de rota venham
para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente
percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que
queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências
destas ações.
Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também
50% de chance de darem errado. A escolha é sua...!