Objetivos:
- Introduzir os alunos ao conceito
antirracista
- Desenvolver habilidades de pesquisa,
redação e edição jornalística.
- Promover a conscientização e mobilização sobre a importância do
respeito mútuo
- Estimular a criatividade na apresentação
de informações.
- Criar um jornal mural como produto final
para compartilhar conhecimentos sobre cultura da paz.
Propósito: A
sequência didática tem como propósito sensibilizar os alunos para a importância
de trabalhar na escola uma educação antirracista, estimulando-os a serem
agentes de mudança em suas comunidades. Além disso, visa desenvolver
habilidades jornalísticas e de comunicação, proporcionando aos alunos a
oportunidade de aplicar o que aprenderam em um produto final concreto: um
jornal mural que dissemine informações sobre o combate ao racismo.
Justificativa:
Combate ao racismo é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa,
igualitária e harmônica. No entanto, muitas vezes, esse conceito não é
amplamente compreendido ou valorizado. Portanto, é importante educar os alunos sobre
o antirracismo e capacitá-los a comunicar suas descobertas de maneira eficaz. A
criação de um jornal mural permite que os alunos compartilhem suas descobertas
com a comunidade escolar, promovendo a conscientização sobre o tema.
Aula 1 e 2: Introdução à
Combate ao racismo
- Objetivo: Apresentar o conceito de racismo
- Atividades: Discussão e leitura de textos
introdutórios.
Definindo
Cultura da Paz:
Apresentar um vídeo Combate
ao racismo e outro
com pessoas que
foram agredidas por ser negra. um texto sobre os princípios
fundamentais da cultura da paz, como respeito mútuo, justiça social, diálogo,
igualdade de gênero e não violência.
Após assistir ao vídeo, fazer
a leitura de uma reportagem com o tema: “Como o Brasil combate o racismo?”.
Pedir que observem como o racismo é combatido no Brasil e se essa forma de combate é eficaz.
Ações
Práticas:
Incentivar os alunos a
identificar ações práticas que podem tomar para promover o respeito em suas
comunidades, escolas ou famílias a partir de tudo que foi visto e lido.
Tolerância
à Diversidade:
Fazer com que os alunos
entendam a importância da tolerância em uma em sua sociedade diversificada,
respeitando e valorizando a diversidade cultural, religiosa e étnica.
Depois do fechamento da aula,
pedir que os alunos realizem como atividade de casa uma pesquisa por programas
de educação ao redor do mundo que visam uma educação antirracista e seu impacto
na sociedade.
Aula 3-4: Estrutura e
características de uma reportagem
Para esse primeiro momento,
retomar à pesquisa que foi realizada na aula anterior e pedir que socializem
suas pesquisas e discutir com todos os alunos explorando ao máximo os
conhecimentos. Após apresentação de todos, fazer um comentário geral das
contribuições e sanar possíveis dúvidas.
Neste segundo momento, os
estudantes irão conhecer as características de uma reportagem, e para isso, os
alunos lerão uma reportagem com o intuito de familiarizar-lhes com o gênero jornalístico.
Depois da leitura explorar com os alunos as características do gênero, e para
auxiliá-los, pedir que leiam as características e em seguida explorar o texto
com base nas características. Os alunos deverão entender que a parte inicial do
texto, que é responsável por “guiar” o leitor, apresentando as informações mais
relevantes ou o próprio clímax da história. Comumente, o lide responde às
perguntas: “Quem?”; “O quê?”; “Quando?”; “Onde?”; “Como?”; “Por quê?”.
Aula 5-6: Entrevistas e
Entrevistados
- Objetivo: Aprender a conduzir entrevistas
e selecionar entrevistados relevantes para o tema.
- Atividades: Preparação de entrevistas,
realização de entrevistas.
Atividades:
Começar a aula explicando a
importância das entrevistas como uma ferramenta de pesquisa e coleta de
informações. Discutir brevemente a diferença entre entrevistas estruturadas e
não estruturadas.
Preparação de Entrevistas:
Conversar com os alunos a
importância de uma boa preparação antes de realizar uma entrevista.
Discuta como escolher um tema
específico para a entrevista. Explicar para os estudantes como criar um roteiro
de entrevista, incluindo a definição de objetivos claros e perguntas
relevantes.
Dividir os alunos em grupos e
pedir que escolham um tema e criem um roteiro de entrevista.
Após realização da atividade,
pedir a cada grupo que compartilhe seu roteiro de entrevista com a turma.
Promover uma discussão sobre
os pontos fortes e fracos de cada roteiro.
Destacar a importância de
perguntas abertas e neutras para obter respostas mais detalhadas e objetivas.
Condução de Entrevistas
Explique as habilidades
necessárias para conduzir uma entrevista eficaz, como escuta ativa, empatia e
neutralidade.
Role-play: Divida os alunos em
duplas e atribua a cada dupla um papel de entrevistador e entrevistado. Eles
devem conduzir uma breve entrevista com base no roteiro criado anteriormente.
Após a atividade, discuta os
desafios encontrados e as estratégias usadas para superá-los.
Seleção
de Entrevistados
Discuta a importância de
selecionar entrevistados relevantes para o tema de pesquisa.
Realizar uma atividade em que
os alunos identifiquem possíveis entrevistados para seus roteiros de
entrevista.
Discussão
e Reflexão
Encorajar os alunos a
compartilhar suas experiências e aprendizados durante a aula.
Fazer uma reflexão sobre a
importância das entrevistas na pesquisa e na obtenção de informações
relevantes.
Destacar a ética nas
entrevistas, enfatizando a importância do consentimento e do respeito pela
privacidade dos entrevistados.
Atribuir aos alunos a tarefa
de realizar uma entrevista com um entrevistado real, de acordo com o roteiro
que criaram.
Eles devem preparar-se
adequadamente e garantir que a entrevista seja conduzida de maneira
profissional.
Aula 7-8: Redação de
reportagens
- Objetivo: Desenvolver habilidades de
redação jornalística.
- Atividades: Escrever notícias baseadas em
entrevistas e pesquisa.
Nesta aula, iniciar mostrando
para os alunos os alunos as características do gênero para que tenham autonomia
para produzir suas reportagens.
II.
Elementos Essenciais de uma reportagem
Explicar
os elementos essenciais de uma reportagem:
Título: Deve
ser conciso e chamar a atenção do leitor.
Lead: O
primeiro parágrafo deve responder às perguntas quem, o quê, quando, onde,
porquê e como.
Corpo:
Forneça informações adicionais e contexto.
Citações:
Inclua declarações de fontes relevantes.
Fechamento:
Forneça informações adicionais, se necessário, e conclua a notícia.
III. Estrutura Básica de uma
Notícia (15 minutos)
Apresentar
a estrutura básica de uma notícia:
Título: Uma
frase que resume a notícia.
Subtítulo: Uma
linha adicional que fornece mais contexto.
Lead: O
primeiro parágrafo que responde às perguntas mais importantes.
Corpo:
Parágrafos subsequentes com informações adicionais.
Citações:
Inclua declarações de pessoas envolvidas ou especialistas.
Contexto:
Forneça informações adicionais para ampliar a compreensão.
Fechamento:
Conclua a notícia, se necessário, ou ofereça informações sobre a continuação da
história.
Assinatura
do autor: Toda reportagem leva o nome do responsável pela redação.
Atividade
Prática em grupo
Mostrar exemplos de reportagens
impressas e analisá-las em sala de aula. Pedir aos alunos para identificarem os
elementos essenciais e a estrutura. Em seguida, propor uma atividade prática em
grupo, para escreverem uma reportagem com base no combate ao racismo.
Aula 9-10: Edição e revisão de
reportagens
- Objetivo: Aprender a editar e revisar o
conteúdo jornalístico.
- Atividades: Revisão de reportagens,
correção de erros.
Etapas
da Edição e Revisão
Para facilitar a revisão do
texto os alunos em grupo deverão analisar os seguintes pontos em seus textos:
Leitura
inicial: Ler a reportagem para entender o conteúdo e a organização.
Verificação
de fatos: Certificar-se de que todas as informações são precisas.
Revisão
de gramática e estilo: Corrigir erros gramaticais e ajustar o
estilo de escrita.
Verificação
de consistência: Garantir que o tom e o estilo sejam uniformes
em toda a reportagem.
Verificação
de precisão: Certificar-se de que todos os números, datas e
nomes estão corretos.
Verificação
de fontes: Confirmar a confiabilidade das fontes citadas.
Durante esse processo, o
professor auxiliará os grupos com os objetivos de revisar todas as produções de
forma satisfatória. Destacar a importância da colaboração e da revisão mútua
para melhorar a qualidade das resportagens.
Depois que os grupos fizerem a
revisão com base nos tópicos acima, pedir socializem suas produções para toda a
turma.
Aula 11-12: Redação de reportagem
individualmente
Produção
individual
Visto
que os alunos já conhecem as características do gênero reportagem e também já
realizaram uma produção coletiva, nesta aula eles irão produzir seus
individualmente. Para realizar essa produção eles poderão tomar como base as
reportagens lidas anteriormente e todo material já usado nas aulas anteriores
sobre as características e as particularidades do gênero jornalístico.
Aula 13-14: Revisão de
produção final
Revisão:
Clareza e Objetividade: O título é claro e informativo, indicando o assunto
principal da reportagem? A introdução fornece uma visão geral do que será
discutido?
Fontes de Informação: As informações são de fontes confiáveis?
Contextualização: O texto está bem contextualizado, trazendo
informações relevantes?
Entrevistas: O texto inclui entrevistas com especialistas ou
pessoas entendidas no assunto?
Revisão Gramatical e Estilo: A reportagem está bem escrita, livre
de erros gramaticais e segue o estilo jornalístico apropriado, mantendo frases
curtas e parágrafos concisos?
Conclusão: Encerra a reportagem resumindo os pontos-chave e
destacando as partes mais importantes do texto?
Assinatura e Data: inclui nome como autor ou editor da reportagem,
juntamente com a data de publicação?
Durante
a revisão final, o professor irá auxiliá-los, de modo que possam realizar a
revisão de maneira eficaz.
Aula 15: Apresentação e
Exposição do jornal mural
- Objetivo: Apresentar o jornal mural à
comunidade escolar.
- Atividades: Exposição do mural, discussão
sobre o processo.
Produto Final: Um
jornal mural que contém notícias, e informações relacionadas à cultura da paz,
criado pelos alunos. O mural será exibido em um local de destaque na sala de
aula, proporcionando a oportunidade de compartilhar o conhecimento sobre o tema
com a turma.
Anexos:
Como o Brasil combate o racismo?
Pesquisadores e militantes analisam estratégias da sociedade civil
para combater o racismo e a violência policial contra negros no Brasil
Por Deutsche Welle
25/07/2023 10h54
Protesto em 2020 contra a rede Carrefour
após a morte de João Alberto em Porto Alegre — Foto: Ricardo Moraes/REUTERS
A intersecção entre violência policial e
o racismo contra negros é uma realidade histórica no Brasil, e duas pesquisas
distintas evidenciaram esse contexto na última semana. Na quarta-feira (19/07),
o Núcleo de Estudos de Violência (NEV), da Universidade de São Paulo (USP),
mostrou que jovens negros têm duas vezes mais chances de serem abordados pela
polícia do que os brancos.
A pesquisa ouviu 800 crianças e 120
adolescentes de escolas públicas e privadas de São Paulo, entre 2016 e 2019. O
percentual de crianças negras abordadas foi de 21,5%, enquanto brancos foi de
8,33% e pardos 9,74%.
No dia seguinte, quinta-feira (20), o 17º
Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, revelou que o país teve 47.508 mortes violentas intencionais
no ano passado. Desse total, 76,5% dos mortos eram negros. Ainda segundo o
relatório, 83,1% das vítimas de intervenções policiais no país são negros.
Segundo o Fórum, esses números escancaram o racismo estrutural da sociedade,
ressaltando ainda que a "seletividade penal tem cor”.
O cenário apontado pelos estudos mostra
que a situação é complexa. Em resposta, a articulação dos movimentos da
sociedade civil tem enfrentado o racismo com a organização de grupos diversos.
Neste dia 25 de julho, data que celebra o Dia Internacional da Mulher Negra
Latino-Americana e Caribenha, a DW Brasil mostra algumas das movimentações de
combate ao racismo e à violência policial no país.
Violência policial no foco
A correlação violência racial e as
denúncias advindas desse processo nortearam a pesquisa de doutorado do
sociólogo Paulo Ramos, pesquisador do Núcleo de Justiça Racial e Direito/FGV
Direito-SP e do Núcleo Afro Cebrap. Defendida em 2021 na Universidade de São
Paulo, ele estudou a maneira como o movimento negro denunciou a violência
policial entre 1978 e 2018. Ao analisar documentos históricos, jornais e
panfletos, ele definiu uma periodização dividida em três partes: discriminação
racial (1978-1988), a violência racial (1989-2006) e o genocídio negro
(2007-2018).
"Cada um desses períodos forma algo
que chamo de ‘ponte semântica'. Elas sintetizam e traduzem um conjunto de
experiências da vida do povo negro na disputa entre a vida comum e política.
Foi em torno dessas palavras que o movimento negro organizou suas pautas”,
afirmou Ramos à DW Brasil.
"As mudanças também indicam uma
radicalização do protesto negro. Nos anos 1980 interessava dizer que no Brasil
existia o racismo e fazer um combate ao mito da democracia racial ou a ideia de
que o país na presencia violências e discriminações raciais. Nos anos 1990, já
sob a democracia formal, havia uma pauta de mostrar como a violência policial
caracteriza todas as outras formas de violência vivenciadas pela população
negra, com casos emblemáticos, como a Chacina da Candelária e o Massacre do
Carandiru", disse.
O sociólogo mostra que, a partir dos anos
2000, com mais estatísticas, o quadro geral de identificação da violência
policial ganhou nova perspectiva. "Nós conseguimos enxergar níveis
absurdos de homicídios. Saímos de 20 mil por ano na década de 1980 para 50 mil
nos anos 2000. Por isso a palavra ‘genocídio' ganha força dentro do movimento
negro em meados de 2007, ao mostrar uma confrontação ao Estado brasileiro e sua
forma de atuação.”
Paulo argumenta que a articulação
antirracista no Brasil está majoritariamente vinculada a casos de violência
policial. Ele não considera a pauta um vetor político para as organizações, por
haver outras formas de violência, mas ressalta que a agenda de ataques é
prioritária dentro das entidades. Diante desse cenário, o sociólogo pondera que
é preciso haver uma mudança perspectiva
"O movimento negro sabe responder
aos casos de violência de policial. O grande problema é que não existe dentro
do próprio movimento, assim como não há na esquerda e no progressismo em geral,
uma pauta de segurança pública que seja afirmativa e que não se limite a dizer
que algo não pode acontecer. Se você perguntar às principais organizações o que
é "uso progressivo da força” elas não saberão explicar. É grave.”
Protesto contra a violência policial em
2018 — Foto: MAURO PIMENTEL/AFP
A sociedade civil em disputa
A década de 1970 é tida como emblemática
pela luta racial no Brasil por abarcar a criação do Movimento Negro Unificado
(MNU), em 1978, como forma de denúncia às violências contra a população em meio
à ditadura militar. "Nossa principal pauta é a luta contra a violência
policial e o combate à truculência do Estado”, afirmou à DW Brasil Ieda Leal,
coordenadora nacional do MNU e Secretaria de Gestão do Sistema Nacional de
Promoção da igualdade Racial no Ministério da Igualdade Racial.
O MNU foi criado após a morte do feirante
Robson Silveira da Luz, de 21 anos, nos porões da 44ª Delegacia de Guaianases,
em 1978. O surgimento e o fortalecimento da entidade nos anos seguintes
serviram de ponte para que outros grupos se mobilizassem em torno do combate ao
racismo. Paulo Ramos cita como exemplo grupos importantes na conjuntura atual,
como a Convergência Negra, a Coalizão Negra por Direitos e a Frente Nacional
Antirracista. "Nem sempre as organizações estão alinhadas em todas as suas
pautas e estratégias, mas elas convergem no que diz respeito ao combate às
violências.”
Ele diz que, se faltam propostas na área
da segurança pública, elas aparecem no campo da educação e saúde, com sucesso
legislativo. A tese é corroborada por Ágatha de Miranda, pesquisadora do Núcleo
de Justiça Racial e Direito e do Núcleo de Estudos sobre o Crime e a Pena da
FGV-SP. "Se hoje nós temos formulações de combate ao racismo é porque há
uma prática antirracista da sociedade civil”, ressaltou.
Ela cita o Estatuto da Igualdade Racial,
a lei 10.639, do início dos anos 2000, que introduz o ensino de história da
África nas escolas para uma "outra leitura de construção da sociedade
brasileira”, e a política de cotas, de 2012, que facilita o acesso de jovens
negros e pobres às instituições de ensino superior.
"É a produção do saber científico
que pode pautar a definição de políticas públicas para a população negra e que
também impacta a própria discussão do racismo na sociedade. Hoje, os espaços
públicos, dentro do espaço constitucional, o racismo está sendo debatido e isso
é uma conquista do movimento negro. O racismo precisa ser evidenciado como
racismo e a maneira como ele se apresenta nas relações sociais”, ponderou
Miranda.
Ramos ressaltou ainda uma interlocução
importante dentro do movimento negro com grupos de mães que perderam seus
filhos como alvo de violência policial. Um exemplo é o Mães de Maio, criado em 2006,
como forma de protesto a morte de jovens durante os confrontos entre forças de
segurança em São Paulo e a facção Primeiro Comando da Capital (PCC). "É
triste que esse movimento cresça, porque significa mais violência. Mas elas
fazem um enfrentamento importante perante o Estado”.
Elas e outras entidades encabeçaram as
mobilizações para que a Polícia Militar de São Paulo utilize câmeras corporais
durante o serviço, prática instituída em 2020. Em maio deste ano, uma pesquisa
do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Fórum Brasileiro de
Segurança Pública mostrou que a letalidade policial em serviço caiu 62,7% desde
a instituição da proposta.
Diante disso, entidades do movimento
negro querem instituir política semelhante em seus estados, como na Bahia, onde
uma pessoa negra é morta a cada 24h, segundo levantamento da Rede de
Observatórios da Segurança divulgada em novembro de 2022. "Exigimos a
adoção de câmeras nas lapelas, golas, fardamentos, de todas as pessoas
responsáveis pela segurança da população baiana”, diz um trecho do manifesto
assinado por organizações como MNU e Rede de Mulheres Negras da Bahia lançado
em março.
Em entrevista à TV Globo na segunda-feira
(24), o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, disse que as
câmeras serão instaladas até o fim do ano.
Protesto contra o racismo em São Paulo em
2020 — Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Mulheres como protagonistas
A mobilização do movimento negro teve e
tem participação fundamental das mulheres, que participaram da criação de
entidades importantes, como como Geledés – Instituto da Mulher Negra, o Centro
de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e o Criola. Sueli
Carneiro, Lélia González, Lúcia Xavier, Cida Bento, Nilma Bentes, entre outras,
são algumas das protagonistas. "Não existe movimento negro no Brasil sem
as mulheres organizadas”, analisa Priscilla Rocha, advogada com atuação em Direitos
Humanos, integrante da Coalizão Negra por Direitos e da Rede Nacional de
Feministas Antiproibicionistas.
Essa centralidade feminina se faz cada
vez mais necessária, diante da violência que as atinge. Em março, a Anistia
Internacional mostrou que Mulheres negras representam 62% das vítimas de
feminicídio no país. "É um retrato cruel do racismo, ainda mais se
olharmos uma diminuição na violência contra mulheres brancas.”
Ela argumenta que o fortalecimento de
articulação das mulheres negras é decisivo para impactar o antirracismo de
maneira ampla. "É uma atuação na base, porque elas são responsáveis pelo
cuidado da sociedade, que dão suporte para outras mulheres, geralmente brancas,
atuarem como vetores da economia e também de militância nos seus espaços. É a
interseccionalidade entre raça e gênero que se faz necessária no país em prol
das mulheres negras”
Ponto importante na disputa por melhores
condições sociais foi a aprovação da PEC das Empregadas Domésticas, em 2012,
que dá direitos trabalhistas às trabalhadoras historicamente marginalizadas
pelo Estado. A aprovação da medida é resultado de anos de luta do movimento
negro. "Ainda que ele seja negligenciado em muitos casos, é fundamental.
As empregadas domésticas são parte do movimento negro, porque são uma herança
escravagista. Esse direito precisa ser exercido de forma integral.”
Para além dos avanços institucionais,
Rocha afirmou que há um empoderamento da mulher negra nos últimos anos, que
abarca estética e novas maneiras de viver. "É uma liberdade que resulta
dessa luta das mulheres e que reflete nas mais diversas lutas. Mesmo sendo
sobre estética, é sobre como essa mulher se vê e estabelece relações
familiares, profissionais e sociais. É um fortalecimento do que é ser mulher
negra que impacta minha mãe, minha avó e que altera a correlação de forças no
país.”
Novas formas de luta
Como destacou Paulo Ramos, os diversos
movimentos negros tentam encontrar justiça social com diferentes estratégias.
Uma delas é a financeira, como defende Frei David, fundador da Educafro,
entidade fundada em meados da década de 1990 com a intenção de promover a
entrada de jovens negros e pobres em instituições de públicas e privadas de
ensino superior.
Nos últimos anos, a Educafro tem
participado, ao lado de outras organizações, de ações civis intituladas Termos
de Ajuste de Conduta (TAC). São acordos entre o Ministério Público e empresas
que violaram algum direito coletivo. No caso da Educafro, ações contra práticas
racistas. "Estamos mudando a forma de lutar contra a violência”, disse
Frei David à DW Brasil.
A entidade usou o expediente em diversas
oportunidades, como na morte de João Alberto Freitas, em novembro de 2020,
asfixiado em uma unidade do Carrefour no Rio Grande do Sul – o acordo foi de
que uma indenização de R$ 115 milhões fosse revertida para ações de combate ao
racismo.
Outro acordo é referente à morte de
Genivaldo de Jesus, homem negro de 38 anos que também morreu asfixiado em uma
viatura da Polícia Rodoviária Federal, em maio do ano passado, no sul de
Sergipe.
Frei David afirma que os valores da
indenização ainda não foram definidos, mas que o governo federal já reconheceu
o pedido do TAC. O acordo deve ser assinado pelo ministro da Justiça, Flavio
Dino, no início de agosto. Entre as 30 medidas solicitadas no termo de ajuste,
a Educafro pede a instalação de câmeras na roupa de todos os policiais
rodoviários federais.
Os acordos propostos pela Educafro não
são unanimidade dentro do movimento negro. A justificativa é de que isso pode
enfraquecer a luta em torno de mais direitos. Frei David discorda.
"Vivemos no capitalismo e o movimento social descobriu e decidiu mexer com
o sangue do capitalismo, que é o dinheiro. É a única linguagem que eles
entendem - perdas e ganhos financeiros. Estamos mexendo com o ganho deles e
sinalizando que a repetição do racismo estrutural em suas instituições vai
resultar em perda financeira.”
O que é racismo
O racismo é um problema
profundamente enraizado na sociedade que se baseia na discriminação e
preconceito racial. Ele é caracterizado pelo tratamento injusto, desigual e
prejudicial de pessoas com base na sua raça, etnia ou origem racial. O racismo
pode assumir várias formas, desde atitudes sutis e manifestações individuais
até sistemas institucionais de discriminação.
Uma das formas mais evidentes
de racismo é o racismo explícito, que envolve a manifestação aberta de ódio
racial, uso de linguagem ofensiva e atos de violência direcionados a indivíduos
de uma determinada raça. No entanto, o racismo também pode ser mais sutil e
insidioso, manifestando-se em estereótipos, preconceitos e discriminação
sistêmica.
O racismo sistêmico é
particularmente preocupante, pois envolve a presença de discriminação racial em
várias instituições e estruturas da sociedade, como no sistema de justiça
criminal, na educação, no mercado de trabalho e no acesso a serviços de saúde.
Esse tipo de racismo muitas vezes perpetua a desigualdade racial ao longo das
gerações, tornando difícil para as minorias raciais alcançarem oportunidades
iguais.
O racismo tem profundas raízes
históricas em muitos países, com séculos de escravidão, segregação e opressão
racial. Mesmo que leis tenham sido promulgadas para proibir a discriminação
racial em muitas partes do mundo, o racismo ainda persiste em formas mais sutis
e ocultas.
Combater o racismo requer um
esforço coletivo para promover a igualdade, a justiça e a educação sobre a
diversidade racial. Isso envolve reconhecer e confrontar nossos próprios
preconceitos, apoiar políticas anti-racismo e trabalhar para criar sociedades
mais inclusivas e equitativas. O racismo é um obstáculo para o progresso humano
e a justiça social, e todos têm um papel a desempenhar na luta contra ele.
Característica
de uma reportagem
Uma reportagem é um gênero
jornalístico que tem como objetivo informar o público sobre um determinado
evento, questão, pessoa ou tópico de interesse. As principais características
de uma reportagem incluem:
Objetividade: As
reportagens devem ser escritas de forma imparcial e objetiva, apresentando os
fatos de maneira clara e sem viés editorial. O jornalista deve se concentrar em
relatar os eventos de forma precisa e equilibrada.
Fontes
confiáveis: Uma reportagem deve incluir informações
provenientes de fontes confiáveis e verificáveis. Isso ajuda a estabelecer a
credibilidade da história.
Contexto: Uma
boa reportagem fornece contexto ao leitor, explicando o porquê, o como e o
quando dos eventos. Isso ajuda o público a entender melhor a importância e as
ramificações do que está sendo relatado.
Título
informativo: O título da reportagem deve ser claro e
informativo, resumindo o conteúdo principal da história de forma sucinta.
Estrutura
organizada: As reportagens geralmente seguem uma estrutura
organizada, com um lead (introdução) que apresenta o tópico e os principais
detalhes, seguido do desenvolvimento da história e, finalmente, uma conclusão
ou fechamento.
Citações
e entrevistas: Reportagens frequentemente incluem citações
diretas de pessoas envolvidas no evento ou especialistas no assunto.
Entrevistas são uma maneira de obter informações em primeira mão e adicionar
voz humana à história.
Uso
de evidências: As reportagens devem ser baseadas em
evidências sólidas e documentação quando aplicável. Isso ajuda a sustentar as
afirmações feitas na história.
Clareza
e linguagem acessível: O texto da reportagem deve ser claro e de
fácil compreensão para o público em geral. Jargões e linguagem técnica devem
ser explicados quando necessário.
Coerência e coesão: As
informações apresentadas na reportagem devem ser organizadas de forma lógica e
coerente, de modo que o leitor possa acompanhar a história sem confusão.
Revisão e apuração: Uma
reportagem de qualidade passa por um processo de revisão cuidadoso para evitar
erros de fato, gramática e estilo. A apuração minuciosa das informações é
fundamental para a precisão da história.
Imparcialidade: Os jornalistas
devem evitar a inserção de opiniões pessoais ou preconceitos na reportagem. A
imparcialidade é fundamental para a integridade do jornalismo.
Citação de fontes: Todas as
fontes usadas na reportagem devem ser devidamente creditadas e citadas,
seguindo as normas de ética jornalística.
Essas são algumas das
principais características de uma reportagem. No entanto, é importante notar
que as convenções jornalísticas podem variar de acordo com a cultura, o veículo
de comunicação e o tipo de reportagem em questão.
“Mandem
entregador branco. Não gosto de pretos”, pede cliente em app
Mensagem racista foi enviada durante pedido em
confeitaria da capital goiana, nessa quinta-feira (3/3)
05/03/2022
14:33, atualizado 05/03/2022 20:29
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Reprodução
Uma cliente de um aplicativo de delivery em Goiana fez uma
solicitação racista ao finalizar o pedido em uma confeitaria, nessa quinta-feira
(3/3).
A empresária dona do estabelecimento ficou indignada com a situação. A
cliente fez a seguinte observação: “Por favor, mandem um entregador branco, não
gosto de pretos nem pardos. Venham rápido”.
A mensagem dela
apareceu no recibo da compra (foto). O nome da pessoa que consta no perfil que
escreveu a solicitação não foi divulgado.
Entregador
sofre ofensas racistas em condomínio de Valinhos; VÍDEO
Nas imagens, é possível ver que
morador aponta para a própria pele e diz que o motoboy tem 'inveja disso aqui'.
Profissional registrou boletim de ocorrência.
Por EPTV 1
07/08/2020 11h56 Atualizado há 3 anos
Motoboy é vítima de
agressões verbais e racismo ao fazer entrega em condomínio de Valinhos
Um entregador que trabalha para
aplicativos de serviços de alimentação sofreu agressões verbais e racismo por
parte de um morador de um condomínio de casas em Valinhos (SP). Um
vídeo mostra o momento em que o homem ofende o profissional e diz que ele tem "inveja disso aqui", apontando para a
própria pele. Veja acima.
O profissional registrou um boletim
de ocorrência para denunciar as agressões e o crime de racismo. O caso
aconteceu no dia 31 de julho e as imagens começaram a circular na internet
nesta sexta-feira (7). Na ocasião, a Guarda Municipal foi chamada e encaminhou
todos para a Delegacia de Valinhos. O condomínio fica no bairro Chácaras
Silvania.
https://www.youtube.com/watch?v=oHvcj096X-A link
do
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