05 novembro 2023

Projeto de produção de reportagem combate ao racismo 14 aulas

Disponível em: https://justica.rs.gov.br/rs-combate-o-racismo

Objetivos:

  1. Introduzir os alunos ao conceito antirracista
  2. Desenvolver habilidades de pesquisa, redação e edição jornalística.
  3. Promover a conscientização  e mobilização sobre a importância do respeito mútuo
  4. Estimular a criatividade na apresentação de informações.
  5. Criar um jornal mural como produto final para compartilhar conhecimentos sobre cultura da paz.

Propósito: A sequência didática tem como propósito sensibilizar os alunos para a importância de trabalhar na escola uma educação antirracista, estimulando-os a serem agentes de mudança em suas comunidades. Além disso, visa desenvolver habilidades jornalísticas e de comunicação, proporcionando aos alunos a oportunidade de aplicar o que aprenderam em um produto final concreto: um jornal mural que dissemine informações sobre o combate ao racismo.

Justificativa: Combate ao racismo é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e harmônica. No entanto, muitas vezes, esse conceito não é amplamente compreendido ou valorizado. Portanto, é importante educar os alunos sobre o antirracismo e capacitá-los a comunicar suas descobertas de maneira eficaz. A criação de um jornal mural permite que os alunos compartilhem suas descobertas com a comunidade escolar, promovendo a conscientização sobre o tema.

Aula 1 e 2: Introdução à Combate ao racismo

  • Objetivo: Apresentar o conceito de racismo
  • Atividades: Discussão e leitura de textos introdutórios.

Definindo Cultura da Paz:

Apresentar um vídeo Combate ao racismo  e outro com pessoas que foram agredidas por ser negra. um texto sobre os princípios fundamentais da cultura da paz, como respeito mútuo, justiça social, diálogo, igualdade de gênero e não violência.

Após assistir ao vídeo, fazer a leitura de uma reportagem com o tema: “Como o Brasil combate o racismo?”. Pedir que observem como o racismo é combatido no Brasil e se essa forma  de combate é eficaz.

Ações Práticas:

Incentivar os alunos a identificar ações práticas que podem tomar para promover o respeito em suas comunidades, escolas ou famílias a partir de tudo que foi visto e lido.

Tolerância à Diversidade:

Fazer com que os alunos entendam a importância da tolerância em uma em sua sociedade diversificada, respeitando e valorizando a diversidade cultural, religiosa e étnica.

Depois do fechamento da aula, pedir que os alunos realizem como atividade de casa uma pesquisa por programas de educação ao redor do mundo que visam uma educação antirracista e seu impacto na sociedade.

Aula 3-4: Estrutura e características de uma reportagem

Para esse primeiro momento, retomar à pesquisa que foi realizada na aula anterior e pedir que socializem suas pesquisas e discutir com todos os alunos explorando ao máximo os conhecimentos. Após apresentação de todos, fazer um comentário geral das contribuições e sanar possíveis dúvidas.

Neste segundo momento, os estudantes irão conhecer as características de uma reportagem, e para isso, os alunos lerão uma reportagem com o intuito de familiarizar-lhes com o gênero jornalístico. Depois da leitura explorar com os alunos as características do gênero, e para auxiliá-los, pedir que leiam as características e em seguida explorar o texto com base nas características. Os alunos deverão entender que a parte inicial do texto, que é responsável por “guiar” o leitor, apresentando as informações mais relevantes ou o próprio clímax da história. Comumente, o lide responde às perguntas: “Quem?”; “O quê?”; “Quando?”; “Onde?”; “Como?”; “Por quê?”.

 

Aula 5-6: Entrevistas e Entrevistados

  • Objetivo: Aprender a conduzir entrevistas e selecionar entrevistados relevantes para o tema.
  • Atividades: Preparação de entrevistas, realização de entrevistas.

Atividades:

Começar a aula explicando a importância das entrevistas como uma ferramenta de pesquisa e coleta de informações. Discutir brevemente a diferença entre entrevistas estruturadas e não estruturadas.

Preparação de Entrevistas:

Conversar com os alunos a importância de uma boa preparação antes de realizar uma entrevista.

Discuta como escolher um tema específico para a entrevista. Explicar para os estudantes como criar um roteiro de entrevista, incluindo a definição de objetivos claros e perguntas relevantes.

Dividir os alunos em grupos e pedir que escolham um tema e criem um roteiro de entrevista.

Após realização da atividade, pedir a cada grupo que compartilhe seu roteiro de entrevista com a turma.

Promover uma discussão sobre os pontos fortes e fracos de cada roteiro.

Destacar a importância de perguntas abertas e neutras para obter respostas mais detalhadas e objetivas.

Condução de Entrevistas

Explique as habilidades necessárias para conduzir uma entrevista eficaz, como escuta ativa, empatia e neutralidade.

Role-play: Divida os alunos em duplas e atribua a cada dupla um papel de entrevistador e entrevistado. Eles devem conduzir uma breve entrevista com base no roteiro criado anteriormente.

Após a atividade, discuta os desafios encontrados e as estratégias usadas para superá-los.

Seleção de Entrevistados

Discuta a importância de selecionar entrevistados relevantes para o tema de pesquisa.

Realizar uma atividade em que os alunos identifiquem possíveis entrevistados para seus roteiros de entrevista.

Discussão e Reflexão

Encorajar os alunos a compartilhar suas experiências e aprendizados durante a aula.

Fazer uma reflexão sobre a importância das entrevistas na pesquisa e na obtenção de informações relevantes.

Destacar a ética nas entrevistas, enfatizando a importância do consentimento e do respeito pela privacidade dos entrevistados.

Atribuir aos alunos a tarefa de realizar uma entrevista com um entrevistado real, de acordo com o roteiro que criaram.

Eles devem preparar-se adequadamente e garantir que a entrevista seja conduzida de maneira profissional.

 

Aula 7-8: Redação de reportagens

  • Objetivo: Desenvolver habilidades de redação jornalística.
  • Atividades: Escrever notícias baseadas em entrevistas e pesquisa.

 

Nesta aula, iniciar mostrando para os alunos os alunos as características do gênero para que tenham autonomia para produzir suas reportagens.

II. Elementos Essenciais de uma reportagem

Explicar os elementos essenciais de uma reportagem:

 

Título: Deve ser conciso e chamar a atenção do leitor.

Lead: O primeiro parágrafo deve responder às perguntas quem, o quê, quando, onde, porquê e como.

Corpo: Forneça informações adicionais e contexto.

Citações: Inclua declarações de fontes relevantes.

Fechamento: Forneça informações adicionais, se necessário, e conclua a notícia.

III. Estrutura Básica de uma Notícia (15 minutos)

 

Apresentar a estrutura básica de uma notícia:

 

Título: Uma frase que resume a notícia.

Subtítulo: Uma linha adicional que fornece mais contexto.

Lead: O primeiro parágrafo que responde às perguntas mais importantes.

Corpo: Parágrafos subsequentes com informações adicionais.

Citações: Inclua declarações de pessoas envolvidas ou especialistas.

Contexto: Forneça informações adicionais para ampliar a compreensão.

Fechamento: Conclua a notícia, se necessário, ou ofereça informações sobre a continuação da história.

Assinatura do autor: Toda reportagem leva o nome do responsável pela redação.

Atividade Prática em grupo

Mostrar exemplos de reportagens impressas e analisá-las em sala de aula. Pedir aos alunos para identificarem os elementos essenciais e a estrutura. Em seguida, propor uma atividade prática em grupo, para escreverem uma reportagem com base no combate ao racismo.

 

Aula 9-10: Edição e revisão de reportagens

  • Objetivo: Aprender a editar e revisar o conteúdo jornalístico.
  • Atividades: Revisão de reportagens, correção de erros.

Etapas da Edição e Revisão

Para facilitar a revisão do texto os alunos em grupo deverão analisar os seguintes pontos em seus textos:

Leitura inicial: Ler a reportagem para entender o conteúdo e a organização.

Verificação de fatos: Certificar-se de que todas as informações são precisas.

Revisão de gramática e estilo: Corrigir erros gramaticais e ajustar o estilo de escrita.

Verificação de consistência: Garantir que o tom e o estilo sejam uniformes em toda a reportagem.

Verificação de precisão: Certificar-se de que todos os números, datas e nomes estão corretos.

Verificação de fontes: Confirmar a confiabilidade das fontes citadas.

Durante esse processo, o professor auxiliará os grupos com os objetivos de revisar todas as produções de forma satisfatória. Destacar a importância da colaboração e da revisão mútua para melhorar a qualidade das resportagens.

Depois que os grupos fizerem a revisão com base nos tópicos acima, pedir socializem suas produções para toda a turma.

 

Aula 11-12: Redação de reportagem individualmente

Produção individual

Visto que os alunos já conhecem as características do gênero reportagem e também já realizaram uma produção coletiva, nesta aula eles irão produzir seus individualmente. Para realizar essa produção eles poderão tomar como base as reportagens lidas anteriormente e todo material já usado nas aulas anteriores sobre as características e as particularidades do gênero jornalístico.

 

Aula 13-14: Revisão de produção final

 

Revisão:

Clareza e Objetividade: O título é claro e informativo, indicando o assunto principal da reportagem? A introdução fornece uma visão geral do que será discutido?

Fontes de Informação: As informações são de fontes confiáveis?

Contextualização: O texto está bem contextualizado, trazendo informações relevantes?

Entrevistas: O texto inclui entrevistas com especialistas ou pessoas entendidas no assunto?

Revisão Gramatical e Estilo: A reportagem está bem escrita, livre de erros gramaticais e segue o estilo jornalístico apropriado, mantendo frases curtas e parágrafos concisos?

Conclusão: Encerra a reportagem resumindo os pontos-chave e destacando as partes mais importantes do texto?

Assinatura e Data: inclui nome como autor ou editor da reportagem, juntamente com a data de publicação?

Durante a revisão final, o professor irá auxiliá-los, de modo que possam realizar a revisão de maneira eficaz.

Aula 15: Apresentação e Exposição do jornal mural

  • Objetivo: Apresentar o jornal mural à comunidade escolar.
  • Atividades: Exposição do mural, discussão sobre o processo.

Produto Final: Um jornal mural que contém notícias, e informações relacionadas à cultura da paz, criado pelos alunos. O mural será exibido em um local de destaque na sala de aula, proporcionando a oportunidade de compartilhar o conhecimento sobre o tema com a turma.

 

 

Anexos:

Cabeçalho

Como o Brasil combate o racismo?

Pesquisadores e militantes analisam estratégias da sociedade civil para combater o racismo e a violência policial contra negros no Brasil

Por Deutsche Welle

25/07/2023 10h54  



Protesto em 2020 contra a rede Carrefour após a morte de João Alberto em Porto Alegre — Foto: Ricardo Moraes/REUTERS

A intersecção entre violência policial e o racismo contra negros é uma realidade histórica no Brasil, e duas pesquisas distintas evidenciaram esse contexto na última semana. Na quarta-feira (19/07), o Núcleo de Estudos de Violência (NEV), da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que jovens negros têm duas vezes mais chances de serem abordados pela polícia do que os brancos.

A pesquisa ouviu 800 crianças e 120 adolescentes de escolas públicas e privadas de São Paulo, entre 2016 e 2019. O percentual de crianças negras abordadas foi de 21,5%, enquanto brancos foi de 8,33% e pardos 9,74%.

No dia seguinte, quinta-feira (20), o 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelou que o país teve 47.508 mortes violentas intencionais no ano passado. Desse total, 76,5% dos mortos eram negros. Ainda segundo o relatório, 83,1% das vítimas de intervenções policiais no país são negros. Segundo o Fórum, esses números escancaram o racismo estrutural da sociedade, ressaltando ainda que a "seletividade penal tem cor”.

O cenário apontado pelos estudos mostra que a situação é complexa. Em resposta, a articulação dos movimentos da sociedade civil tem enfrentado o racismo com a organização de grupos diversos. Neste dia 25 de julho, data que celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, a DW Brasil mostra algumas das movimentações de combate ao racismo e à violência policial no país.

Violência policial no foco

A correlação violência racial e as denúncias advindas desse processo nortearam a pesquisa de doutorado do sociólogo Paulo Ramos, pesquisador do Núcleo de Justiça Racial e Direito/FGV Direito-SP e do Núcleo Afro Cebrap. Defendida em 2021 na Universidade de São Paulo, ele estudou a maneira como o movimento negro denunciou a violência policial entre 1978 e 2018. Ao analisar documentos históricos, jornais e panfletos, ele definiu uma periodização dividida em três partes: discriminação racial (1978-1988), a violência racial (1989-2006) e o genocídio negro (2007-2018).

"Cada um desses períodos forma algo que chamo de ‘ponte semântica'. Elas sintetizam e traduzem um conjunto de experiências da vida do povo negro na disputa entre a vida comum e política. Foi em torno dessas palavras que o movimento negro organizou suas pautas”, afirmou Ramos à DW Brasil.

"As mudanças também indicam uma radicalização do protesto negro. Nos anos 1980 interessava dizer que no Brasil existia o racismo e fazer um combate ao mito da democracia racial ou a ideia de que o país na presencia violências e discriminações raciais. Nos anos 1990, já sob a democracia formal, havia uma pauta de mostrar como a violência policial caracteriza todas as outras formas de violência vivenciadas pela população negra, com casos emblemáticos, como a Chacina da Candelária e o Massacre do Carandiru", disse.

O sociólogo mostra que, a partir dos anos 2000, com mais estatísticas, o quadro geral de identificação da violência policial ganhou nova perspectiva. "Nós conseguimos enxergar níveis absurdos de homicídios. Saímos de 20 mil por ano na década de 1980 para 50 mil nos anos 2000. Por isso a palavra ‘genocídio' ganha força dentro do movimento negro em meados de 2007, ao mostrar uma confrontação ao Estado brasileiro e sua forma de atuação.”

Paulo argumenta que a articulação antirracista no Brasil está majoritariamente vinculada a casos de violência policial. Ele não considera a pauta um vetor político para as organizações, por haver outras formas de violência, mas ressalta que a agenda de ataques é prioritária dentro das entidades. Diante desse cenário, o sociólogo pondera que é preciso haver uma mudança perspectiva

"O movimento negro sabe responder aos casos de violência de policial. O grande problema é que não existe dentro do próprio movimento, assim como não há na esquerda e no progressismo em geral, uma pauta de segurança pública que seja afirmativa e que não se limite a dizer que algo não pode acontecer. Se você perguntar às principais organizações o que é "uso progressivo da força” elas não saberão explicar. É grave.”

Protesto contra a violência policial em 2018 — Foto: MAURO PIMENTEL/AFP

A sociedade civil em disputa

A década de 1970 é tida como emblemática pela luta racial no Brasil por abarcar a criação do Movimento Negro Unificado (MNU), em 1978, como forma de denúncia às violências contra a população em meio à ditadura militar. "Nossa principal pauta é a luta contra a violência policial e o combate à truculência do Estado”, afirmou à DW Brasil Ieda Leal, coordenadora nacional do MNU e Secretaria de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da igualdade Racial no Ministério da Igualdade Racial.

O MNU foi criado após a morte do feirante Robson Silveira da Luz, de 21 anos, nos porões da 44ª Delegacia de Guaianases, em 1978. O surgimento e o fortalecimento da entidade nos anos seguintes serviram de ponte para que outros grupos se mobilizassem em torno do combate ao racismo. Paulo Ramos cita como exemplo grupos importantes na conjuntura atual, como a Convergência Negra, a Coalizão Negra por Direitos e a Frente Nacional Antirracista. "Nem sempre as organizações estão alinhadas em todas as suas pautas e estratégias, mas elas convergem no que diz respeito ao combate às violências.”

Ele diz que, se faltam propostas na área da segurança pública, elas aparecem no campo da educação e saúde, com sucesso legislativo. A tese é corroborada por Ágatha de Miranda, pesquisadora do Núcleo de Justiça Racial e Direito e do Núcleo de Estudos sobre o Crime e a Pena da FGV-SP. "Se hoje nós temos formulações de combate ao racismo é porque há uma prática antirracista da sociedade civil”, ressaltou.

Ela cita o Estatuto da Igualdade Racial, a lei 10.639, do início dos anos 2000, que introduz o ensino de história da África nas escolas para uma "outra leitura de construção da sociedade brasileira”, e a política de cotas, de 2012, que facilita o acesso de jovens negros e pobres às instituições de ensino superior.

"É a produção do saber científico que pode pautar a definição de políticas públicas para a população negra e que também impacta a própria discussão do racismo na sociedade. Hoje, os espaços públicos, dentro do espaço constitucional, o racismo está sendo debatido e isso é uma conquista do movimento negro. O racismo precisa ser evidenciado como racismo e a maneira como ele se apresenta nas relações sociais”, ponderou Miranda.

Ramos ressaltou ainda uma interlocução importante dentro do movimento negro com grupos de mães que perderam seus filhos como alvo de violência policial. Um exemplo é o Mães de Maio, criado em 2006, como forma de protesto a morte de jovens durante os confrontos entre forças de segurança em São Paulo e a facção Primeiro Comando da Capital (PCC). "É triste que esse movimento cresça, porque significa mais violência. Mas elas fazem um enfrentamento importante perante o Estado”.

Elas e outras entidades encabeçaram as mobilizações para que a Polícia Militar de São Paulo utilize câmeras corporais durante o serviço, prática instituída em 2020. Em maio deste ano, uma pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que a letalidade policial em serviço caiu 62,7% desde a instituição da proposta.

Diante disso, entidades do movimento negro querem instituir política semelhante em seus estados, como na Bahia, onde uma pessoa negra é morta a cada 24h, segundo levantamento da Rede de Observatórios da Segurança divulgada em novembro de 2022. "Exigimos a adoção de câmeras nas lapelas, golas, fardamentos, de todas as pessoas responsáveis pela segurança da população baiana”, diz um trecho do manifesto assinado por organizações como MNU e Rede de Mulheres Negras da Bahia lançado em março.

Em entrevista à TV Globo na segunda-feira (24), o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, disse que as câmeras serão instaladas até o fim do ano.

Protesto contra o racismo em São Paulo em 2020 — Foto: Amanda Perobelli/REUTERS

Mulheres como protagonistas

A mobilização do movimento negro teve e tem participação fundamental das mulheres, que participaram da criação de entidades importantes, como como Geledés – Instituto da Mulher Negra, o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e o Criola. Sueli Carneiro, Lélia González, Lúcia Xavier, Cida Bento, Nilma Bentes, entre outras, são algumas das protagonistas. "Não existe movimento negro no Brasil sem as mulheres organizadas”, analisa Priscilla Rocha, advogada com atuação em Direitos Humanos, integrante da Coalizão Negra por Direitos e da Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas.

Essa centralidade feminina se faz cada vez mais necessária, diante da violência que as atinge. Em março, a Anistia Internacional mostrou que Mulheres negras representam 62% das vítimas de feminicídio no país. "É um retrato cruel do racismo, ainda mais se olharmos uma diminuição na violência contra mulheres brancas.”

Ela argumenta que o fortalecimento de articulação das mulheres negras é decisivo para impactar o antirracismo de maneira ampla. "É uma atuação na base, porque elas são responsáveis pelo cuidado da sociedade, que dão suporte para outras mulheres, geralmente brancas, atuarem como vetores da economia e também de militância nos seus espaços. É a interseccionalidade entre raça e gênero que se faz necessária no país em prol das mulheres negras”

Ponto importante na disputa por melhores condições sociais foi a aprovação da PEC das Empregadas Domésticas, em 2012, que dá direitos trabalhistas às trabalhadoras historicamente marginalizadas pelo Estado. A aprovação da medida é resultado de anos de luta do movimento negro. "Ainda que ele seja negligenciado em muitos casos, é fundamental. As empregadas domésticas são parte do movimento negro, porque são uma herança escravagista. Esse direito precisa ser exercido de forma integral.”

Para além dos avanços institucionais, Rocha afirmou que há um empoderamento da mulher negra nos últimos anos, que abarca estética e novas maneiras de viver. "É uma liberdade que resulta dessa luta das mulheres e que reflete nas mais diversas lutas. Mesmo sendo sobre estética, é sobre como essa mulher se vê e estabelece relações familiares, profissionais e sociais. É um fortalecimento do que é ser mulher negra que impacta minha mãe, minha avó e que altera a correlação de forças no país.”

Novas formas de luta

Como destacou Paulo Ramos, os diversos movimentos negros tentam encontrar justiça social com diferentes estratégias. Uma delas é a financeira, como defende Frei David, fundador da Educafro, entidade fundada em meados da década de 1990 com a intenção de promover a entrada de jovens negros e pobres em instituições de públicas e privadas de ensino superior.

Nos últimos anos, a Educafro tem participado, ao lado de outras organizações, de ações civis intituladas Termos de Ajuste de Conduta (TAC). São acordos entre o Ministério Público e empresas que violaram algum direito coletivo. No caso da Educafro, ações contra práticas racistas. "Estamos mudando a forma de lutar contra a violência”, disse Frei David à DW Brasil.

A entidade usou o expediente em diversas oportunidades, como na morte de João Alberto Freitas, em novembro de 2020, asfixiado em uma unidade do Carrefour no Rio Grande do Sul – o acordo foi de que uma indenização de R$ 115 milhões fosse revertida para ações de combate ao racismo.

Outro acordo é referente à morte de Genivaldo de Jesus, homem negro de 38 anos que também morreu asfixiado em uma viatura da Polícia Rodoviária Federal, em maio do ano passado, no sul de Sergipe.

Frei David afirma que os valores da indenização ainda não foram definidos, mas que o governo federal já reconheceu o pedido do TAC. O acordo deve ser assinado pelo ministro da Justiça, Flavio Dino, no início de agosto. Entre as 30 medidas solicitadas no termo de ajuste, a Educafro pede a instalação de câmeras na roupa de todos os policiais rodoviários federais.

Os acordos propostos pela Educafro não são unanimidade dentro do movimento negro. A justificativa é de que isso pode enfraquecer a luta em torno de mais direitos. Frei David discorda. "Vivemos no capitalismo e o movimento social descobriu e decidiu mexer com o sangue do capitalismo, que é o dinheiro. É a única linguagem que eles entendem - perdas e ganhos financeiros. Estamos mexendo com o ganho deles e sinalizando que a repetição do racismo estrutural em suas instituições vai resultar em perda financeira.”

 

O que é racismo

O racismo é um problema profundamente enraizado na sociedade que se baseia na discriminação e preconceito racial. Ele é caracterizado pelo tratamento injusto, desigual e prejudicial de pessoas com base na sua raça, etnia ou origem racial. O racismo pode assumir várias formas, desde atitudes sutis e manifestações individuais até sistemas institucionais de discriminação.

Uma das formas mais evidentes de racismo é o racismo explícito, que envolve a manifestação aberta de ódio racial, uso de linguagem ofensiva e atos de violência direcionados a indivíduos de uma determinada raça. No entanto, o racismo também pode ser mais sutil e insidioso, manifestando-se em estereótipos, preconceitos e discriminação sistêmica.

O racismo sistêmico é particularmente preocupante, pois envolve a presença de discriminação racial em várias instituições e estruturas da sociedade, como no sistema de justiça criminal, na educação, no mercado de trabalho e no acesso a serviços de saúde. Esse tipo de racismo muitas vezes perpetua a desigualdade racial ao longo das gerações, tornando difícil para as minorias raciais alcançarem oportunidades iguais.

O racismo tem profundas raízes históricas em muitos países, com séculos de escravidão, segregação e opressão racial. Mesmo que leis tenham sido promulgadas para proibir a discriminação racial em muitas partes do mundo, o racismo ainda persiste em formas mais sutis e ocultas.

Combater o racismo requer um esforço coletivo para promover a igualdade, a justiça e a educação sobre a diversidade racial. Isso envolve reconhecer e confrontar nossos próprios preconceitos, apoiar políticas anti-racismo e trabalhar para criar sociedades mais inclusivas e equitativas. O racismo é um obstáculo para o progresso humano e a justiça social, e todos têm um papel a desempenhar na luta contra ele.

 

Característica de uma reportagem

Uma reportagem é um gênero jornalístico que tem como objetivo informar o público sobre um determinado evento, questão, pessoa ou tópico de interesse. As principais características de uma reportagem incluem:

Objetividade: As reportagens devem ser escritas de forma imparcial e objetiva, apresentando os fatos de maneira clara e sem viés editorial. O jornalista deve se concentrar em relatar os eventos de forma precisa e equilibrada.

Fontes confiáveis: Uma reportagem deve incluir informações provenientes de fontes confiáveis e verificáveis. Isso ajuda a estabelecer a credibilidade da história.

Contexto: Uma boa reportagem fornece contexto ao leitor, explicando o porquê, o como e o quando dos eventos. Isso ajuda o público a entender melhor a importância e as ramificações do que está sendo relatado.

Título informativo: O título da reportagem deve ser claro e informativo, resumindo o conteúdo principal da história de forma sucinta.

Estrutura organizada: As reportagens geralmente seguem uma estrutura organizada, com um lead (introdução) que apresenta o tópico e os principais detalhes, seguido do desenvolvimento da história e, finalmente, uma conclusão ou fechamento.

Citações e entrevistas: Reportagens frequentemente incluem citações diretas de pessoas envolvidas no evento ou especialistas no assunto. Entrevistas são uma maneira de obter informações em primeira mão e adicionar voz humana à história.

Uso de evidências: As reportagens devem ser baseadas em evidências sólidas e documentação quando aplicável. Isso ajuda a sustentar as afirmações feitas na história.

Clareza e linguagem acessível: O texto da reportagem deve ser claro e de fácil compreensão para o público em geral. Jargões e linguagem técnica devem ser explicados quando necessário.

 

Coerência e coesão: As informações apresentadas na reportagem devem ser organizadas de forma lógica e coerente, de modo que o leitor possa acompanhar a história sem confusão.

 

Revisão e apuração: Uma reportagem de qualidade passa por um processo de revisão cuidadoso para evitar erros de fato, gramática e estilo. A apuração minuciosa das informações é fundamental para a precisão da história.

 

Imparcialidade: Os jornalistas devem evitar a inserção de opiniões pessoais ou preconceitos na reportagem. A imparcialidade é fundamental para a integridade do jornalismo.

 

Citação de fontes: Todas as fontes usadas na reportagem devem ser devidamente creditadas e citadas, seguindo as normas de ética jornalística.

 

Essas são algumas das principais características de uma reportagem. No entanto, é importante notar que as convenções jornalísticas podem variar de acordo com a cultura, o veículo de comunicação e o tipo de reportagem em questão.



“Mandem entregador branco. Não gosto de pretos”, pede cliente em app

Mensagem racista foi enviada durante pedido em confeitaria da capital goiana, nessa quinta-feira (3/3)

Galtiery Rodrigues

05/03/2022 14:33, atualizado 05/03/2022 20:29

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Reprodução

Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/747894-grupo-de-trabalho-debate-formas-de-combate-ao

Uma cliente de um aplicativo de delivery em Goiana fez uma solicitação racista ao finalizar o pedido em uma confeitaria, nessa quinta-feira (3/3).

A empresária dona do estabelecimento ficou indignada com a situação. A cliente fez a seguinte observação: “Por favor, mandem um entregador branco, não gosto de pretos nem pardos. Venham rápido”.

A mensagem dela apareceu no recibo da compra (foto). O nome da pessoa que consta no perfil que escreveu a solicitação não foi divulgado.

 

Entregador sofre ofensas racistas em condomínio de Valinhos; VÍDEO

Nas imagens, é possível ver que morador aponta para a própria pele e diz que o motoboy tem 'inveja disso aqui'. Profissional registrou boletim de ocorrência.

Por EPTV 1

07/08/2020 11h56  Atualizado há 3 anos


Motoboy é vítima de agressões verbais e racismo ao fazer entrega em condomínio de Valinhos

Um entregador que trabalha para aplicativos de serviços de alimentação sofreu agressões verbais e racismo por parte de um morador de um condomínio de casas em Valinhos (SP). Um vídeo mostra o momento em que o homem ofende o profissional e diz que ele tem "inveja disso aqui", apontando para a própria peleVeja acima.

O profissional registrou um boletim de ocorrência para denunciar as agressões e o crime de racismo. O caso aconteceu no dia 31 de julho e as imagens começaram a circular na internet nesta sexta-feira (7). Na ocasião, a Guarda Municipal foi chamada e encaminhou todos para a Delegacia de Valinhos. O condomínio fica no bairro Chácaras Silvania.

 

https://www.youtube.com/watch?v=oHvcj096X-A link do vídeo.

 

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