Sequência didática |
O teatro e o princípio de composição por acumulação
Nesta sequência, será criada uma encenação com base no princípio de composição por acumulação, a partir das obras conhecidas como Accumulation (1971), da coreógrafa estadunidense Trisha Brown, que trabalhou com esse princípio.
A BNCC na sala de aula
Objetos de conhecimento |
Música Elementos da linguagem Processos de criação Teatro Contextos e práticas Processos de criação |
Competências específicas |
1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente
práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos
indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades,
em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno
cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com
as diversidades. 4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a
expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora
dela no âmbito da Arte. 8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o
trabalho coletivo e colaborativo nas artes. |
Habilidades |
Música (EF69AR20) Explorar e analisar elementos constitutivos da
música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por meio de recursos
tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e
práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais. (EF69AR23) Explorar e criar improvisações, composições,
arranjos, jingles, trilhas sonoras, entre outros, utilizando vozes,
sons corporais e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou
não convencionais, expressando ideias musicais de maneira individual,
coletiva e colaborativa. Teatro (EF69AR25) Identificar e analisar diferentes estilos
cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a
capacidade de apreciação da estética teatral. (EF69AR27) Pesquisar e criar formas de dramaturgias e
espaços cênicos para o acontecimento teatral, em diálogo com o teatro
contemporâneo. (EF69AR29) Experimentar a gestualidade e as construções
corporais e vocais de maneira imaginativa na improvisação teatral e no jogo
cênico. (EF69AR30) Compor improvisações e acontecimentos cênicos
com base em textos dramáticos ou outros estímulos (música, imagens, objetos etc.),
caracterizando personagens (com figurinos e adereços), cenário, iluminação e
sonoplastia e considerando a relação com o espectador. |
Objetivos de aprendizagem |
Estimular a discussão e a reflexão sobre a criação em
dança e teatro contemporâneos. Explorar alguns elementos constitutivos do movimento
encenado, tendo por base a dança e o teatro contemporâneos. Experimentar processos de improvisação e de composição em
cenas. Questionar a relação entre gesto cotidiano e gesto dançado
ou encenado. Promover o trabalho coletivo por meio da dança e do
teatro. Realizar uma encenação no ambiente escolar. |
Conteúdos |
Teatro Dança Composição por acumulação |
Materiais e recursos
Projetor e acesso à internet.
Desenvolvimento
Quantidade de aulas: 4 aulas.
Aula 1
Antes de iniciar o trabalho com a proposta, considerar que muitos preconceitos ainda cercam a prática da dança, o que leva muitas pessoas a pensarem que se trata de uma atividade exclusivamente feminina ou restrita a quem tem aptidões físicas específicas. Buscar desconstruir as visões sexistas e lembrar os alunos de que as práticas de dança na escola não têm os mesmos objetivos, por exemplo, que os de um grupo profissional de dança.
Apresentar aos alunos o princípio de composição por acumulação, mostrando o trabalho da artista estadunidense Trisha Brown (1936-2017). Para isso, exibir o vídeo Accumulation, facilmente encontrável na internet.
Antes da exibição, contar aos alunos que Trisha Brown se dedicou especialmente à dança contemporânea, com ênfase na improvisação e na experimentação. Após a exibição, solicitar aos alunos que respondam oralmente às questões a seguir. Deixar que respondam livremente, em especial à última questão. Se houver tempo, exibir novamente o vídeo, para que os alunos observem melhor os movimentos dos bailarinos, para que possam perceber de forma mais clara o princípio da acumulação.
1. Comente o que mais chamou a sua atenção na dança da série Accumulation.
Resposta pessoal.
2. Pelo que você observou ao assistir ao vídeo, qual regra serve de base para a construção das sequências de Accumulation?
Há uma regra de acumulação de movimentos. Primeiramente, a artista realiza um movimento algumas vezes; depois, repete esse primeiro movimento e acrescenta um novo; em seguida, ela repete os dois anteriores e faz mais um; e assim sucessivamente.
3. Os movimentos realizados são suaves ou vigorosos? É possível perceber de qual parte do corpo cada movimento se origina?
Resposta pessoal.
Promover uma discussão sobre as diferentes respostas apresentadas e confrontar os argumentos dos alunos.
Os debates, as pesquisas e a análise crítica de obras são tão importantes quanto as experiências práticas em dança. Diferentes possibilidades de acesso à dança possibilitam a constituição do conhecimento dessa linguagem.
Aula 2
Propiciar um primeiro contato dos alunos com o princípio de composição por acumulação, permitindo que explorem os movimentos como acharem melhor, cuidando para ocupar o espaço como for possível.
Para desenvolver seu trabalho, Trisha Brown parte de gestos cotidianos, como correr, pular, balançar-se, andar, cair, pegar algo, torcer o corpo, sacudi-lo de um jeito relaxado etc. Levar os alunos para o pátio da escola e solicitar que explorem vários gestos cotidianos para posterior construção de suas sequências acumulativas com base em alguns deles. Reproduzir, diferentes estilos musicais para que possam explorar a interligação entre os movimentos e os sons.
Iev radin/Shutterstock.com
Iev radin/Shutterstock.com
Em ambas as fotos, bailarino da Companhia de Dança Trisha Brown durante performance em Nova York (EUA), 2010.
Orientar os alunos a perceberem que cada novo gesto pode ter origem em uma parte específica do corpo ou em uma articulação. Embora despojados e sem muita tensão, os movimentos devem ser realizados com precisão. Exigir tal precisão durante a realização das ações, que devem ser simples, adequadas às possibilidades de cada aluno e claras.
Estimular a participação de todos, mostrando que cada um deverá construir o próprio caminho na dança, contribuindo dentro de suas possibilidades e trazendo suas singularidades para o grupo. Alguns alunos vão se sentir mais à vontade em movimento e outros, nos momentos de pesquisa e debate em sala de aula. É muito importante respeitar essas afinidades; porém, não deixar de incentivá-los a se exercitarem nas diversas proposições.
Ao final dessa experiência, perguntar aos alunos se foi fácil escolher os movimentos e realizá-los em sequência, se encontraram alguma dificuldade ou se conseguiram organizar os movimentos em mais de uma sequência.
Aula 3
Partindo da exploração de gestos simples e cotidianos, possibilitar aos alunos a vivência das etapas de pesquisa, da improvisação e da criação. Organizar a turma em grupos de cinco ou seis alunos e propor a encenação de uma situação cotidiana — fila de ônibus, feira livre, sala de espera de dentista etc. — a partir do princípio de composição por acumulação, compondo a sequência da cena em um tempo limite de cinco minutos; a cena será posteriormente apresentada para toda a classe.
O tempo necessário para elaborar essa etapa pode variar de acordo com o grupo. Observar os movimentos dos alunos e encorajá-los com sugestões que os ajudem a explorar novas possibilidades e a obter maior clareza em seus gestos.
É importante que os alunos sejam estimulados a explorar diferentes posicionamentos; por exemplo, se estiverem no chão, lembre-os de que podem experimentar se deitar de costas, de lado, com as pernas dobradas ou alongadas etc.
Para estimular o trabalho de experimentação, indicar as partes do corpo que deverão iniciar as ações, sempre fornecendo o tempo necessário para que cada aluno descubra um modo próprio de realizar o movimento. É possível também convidar um aluno do grupo a conduzir oralmente a atividade, sugerindo aos colegas partes do corpo que podem iniciar os movimentos.
É importante acompanhar cada grupo em seu processo de criação, para garantir que a composição seja rica e diversificada. Estimular os alunos a variar as partes do corpo que são colocadas em ação, alternando entre movimentos dos membros superiores e dos inferiores. Encorajá-los também a diversificar a energia e a velocidade empregadas nos movimentos (movimentos mais suaves, outros mais vigorosos; lentos ou rápidos, por exemplo), de modo que o conjunto de gestos de cada grupo seja bem variado.
Aula 4
Trisha Brown levou a dança para espaços não convencionais, como a rua e os parques, bem como para o topo e a fachada dos prédios das cidades. Aplicar esse princípio na apresentação das sequências criadas pelos grupos e propor que os alunos realizem a dança em ambientes diversos da escola, e, se possível, na calçada em frente ao colégio. Solicitar aos alunos que pesquisem previamente os espaços nos quais desejam realizar a apresentação final e, juntos, definam o(s) local(ais) da apresentação.
Distribuir os grupos pelo espaço e propor a todos que comecem as sequências ao mesmo tempo, repetindo-as no mínimo por cinco vezes, sem pressa. Como cada sequência tem uma duração própria, a turma iniciará em conjunto, mas cada grupo terminará em um momento diferente. Cada grupo, ao terminar, pode se retirar do espaço ou permanecer estático, até que a última sequência termine.
Depois, reunir os alunos em uma roda e realizar um debate sobre as semelhanças e diferenças entre imitação e realidade, de maneira a ser desenvolvido, durante o debate, o senso crítico perante os fatos da vida real.
Após o encerramento das apresentações, durante o debate sobre a experiência dos alunos, propor algumas questões à turma:
Você e seus colegas conseguiram executar a sequência criada seguindo o princípio da acumulação e criando novos gestos?
Qual foi a parte do corpo mais utilizada na sequência criada por seu grupo?
Qual foi a maior dificuldade para a elaboração da sequência? Por quê?
A ordem escolhida facilitou o encadeamento dos movimentos? Foi difícil juntar um gesto ao outro?
A sequência ficaria mais interessante caso a ordem dos movimentos fosse alterada?
A sequência apresentou ao menos um gesto muito lento, um gesto dos membros inferiores do corpo, outro dos superiores e um gesto cotidiano?
Para trabalhar dúvidas
Caso algum aluno apresente dificuldade na execução dos movimentos, orientá-lo a realizar, repetidamente, gestos simples, sempre lembrando que tais gestos fazem parte do cotidiano.
Ampliação
Propor aos alunos uma pesquisa sobre artistas e companhias de dança que trabalham com a dança pós-moderna no Brasil, como o Grupo Corpo, de Belo Horizonte; as companhias de dança de Deborah Colker e a de Márcia Milhazes; e o trabalho desenvolvido por Isabel Marques, no Instituto Caleidos, em São Paulo.
Fonte: PNLD
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