26 abril 2021

O teatro e o princípio de composição por acumulação

???

Sequência didática

O teatro e o princípio de composição por acumulação

Nesta sequência, será criada uma encenação com base no princípio de composição por acumulação, a partir das obras conhecidas como Accumulation (1971), da coreógrafa estadunidense Trisha Brown, que trabalhou com esse princípio.

A BNCC na sala de aula

Objetos de conhecimento

Música

Elementos da linguagem

Processos de criação

Teatro

Contextos e práticas

Processos de criação

Competências específicas

1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.

4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.

8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

Habilidades

Música

(EF69AR20) Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

(EF69AR23) Explorar e criar improvisações, composições, arranjos, jingles, trilhas sonoras, entre outros, utilizando vozes, sons corporais e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou não convencionais, expressando ideias musicais de maneira individual, coletiva e colaborativa.

Teatro

(EF69AR25) Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral.

(EF69AR27) Pesquisar e criar formas de dramaturgias e espaços cênicos para o acontecimento teatral, em diálogo com o teatro contemporâneo.

(EF69AR29) Experimentar a gestualidade e as construções corporais e vocais de maneira imaginativa na improvisação teatral e no jogo cênico.

(EF69AR30) Compor improvisações e acontecimentos cênicos com base em textos dramáticos ou outros estímulos (música, imagens, objetos etc.), caracterizando personagens (com figurinos e adereços), cenário, iluminação e sonoplastia e considerando a relação com o espectador.

Objetivos de aprendizagem

Estimular a discussão e a reflexão sobre a criação em dança e teatro contemporâneos.

Explorar alguns elementos constitutivos do movimento encenado, tendo por base a dança e o teatro contemporâneos.

Experimentar processos de improvisação e de composição em cenas.

Questionar a relação entre gesto cotidiano e gesto dançado ou encenado.

Promover o trabalho coletivo por meio da dança e do teatro.

Realizar uma encenação no ambiente escolar.

Conteúdos

Teatro

Dança

Composição por acumulação

Aparelho de som.

Materiais e recursos

Projetor e acesso à internet.

Desenvolvimento

Quantidade de aulas: 4 aulas.

Aula 1

Antes de iniciar o trabalho com a proposta, considerar que muitos preconceitos ainda cercam a prática da dança, o que leva muitas pessoas a pensarem que se trata de uma atividade exclusivamente feminina ou restrita a quem tem aptidões físicas específicas. Buscar desconstruir as visões sexistas e lembrar os alunos de que as práticas de dança na escola não têm os mesmos objetivos, por exemplo, que os de um grupo profissional de dança.

Apresentar aos alunos o princípio de composição por acumulação, mostrando o trabalho da artista estadunidense Trisha Brown (1936-2017). Para isso, exibir o vídeo Accumulation, facilmente encontrável na internet.

Antes da exibição, contar aos alunos que Trisha Brown se dedicou especialmente à dança contemporânea, com ênfase na improvisação e na experimentação. Após a exibição, solicitar aos alunos que respondam oralmente às questões a seguir. Deixar que respondam livremente, em especial à última questão. Se houver tempo, exibir novamente o vídeo, para que os alunos observem melhor os movimentos dos bailarinos, para que possam perceber de forma mais clara o princípio da acumulação.

1. Comente o que mais chamou a sua atenção na dança da série Accumulation.

Resposta pessoal.

2. Pelo que você observou ao assistir ao vídeo, qual regra serve de base para a construção das sequências de Accumulation?

Há uma regra de acumulação de movimentos. Primeiramente, a artista realiza um movimento algumas vezes; depois, repete esse primeiro movimento e acrescenta um novo; em seguida, ela repete os dois anteriores e faz mais um; e assim sucessivamente.

3. Os movimentos realizados são suaves ou vigorosos? É possível perceber de qual parte do corpo cada movimento se origina?

Resposta pessoal.

Promover uma discussão sobre as diferentes respostas apresentadas e confrontar os argumentos dos alunos.

Os debates, as pesquisas e a análise crítica de obras são tão importantes quanto as experiências práticas em dança. Diferentes possibilidades de acesso à dança possibilitam a constituição do conhecimento dessa linguagem.

Aula 2

Propiciar um primeiro contato dos alunos com o princípio de composição por acumulação, permitindo que explorem os movimentos como acharem melhor, cuidando para ocupar o espaço como for possível.

Para desenvolver seu trabalho, Trisha Brown parte de gestos cotidianos, como correr, pular, balançar-se, andar, cair, pegar algo, torcer o corpo, sacudi-lo de um jeito relaxado etc. Levar os alunos para o pátio da escola e solicitar que explorem vários gestos cotidianos para posterior construção de suas sequências acumulativas com base em alguns deles. Reproduzir, diferentes estilos musicais para que possam explorar a interligação entre os movimentos e os sons.

???

Iev radin/Shutterstock.com

???

Iev radin/Shutterstock.com

Em ambas as fotos, bailarino da Companhia de Dança Trisha Brown durante performance em Nova York (EUA), 2010.

Orientar os alunos a perceberem que cada novo gesto pode ter origem em uma parte específica do corpo ou em uma articulação. Embora despojados e sem muita tensão, os movimentos devem ser realizados com precisão. Exigir tal precisão durante a realização das ações, que devem ser simples, adequadas às possibilidades de cada aluno e claras.

Estimular a participação de todos, mostrando que cada um deverá construir o próprio caminho na dança, contribuindo dentro de suas possibilidades e trazendo suas singularidades para o grupo. Alguns alunos vão se sentir mais à vontade em movimento e outros, nos momentos de pesquisa e debate em sala de aula. É muito importante respeitar essas afinidades; porém, não deixar de incentivá-los a se exercitarem nas diversas proposições.

Ao final dessa experiência, perguntar aos alunos se foi fácil escolher os movimentos e realizá-los em sequência, se encontraram alguma dificuldade ou se conseguiram organizar os movimentos em mais de uma sequência.

Aula 3

Partindo da exploração de gestos simples e cotidianos, possibilitar aos alunos a vivência das etapas de pesquisa, da improvisação e da criação. Organizar a turma em grupos de cinco ou seis alunos e propor a encenação de uma situação cotidiana  fila de ônibus, feira livre, sala de espera de dentista etc.  a partir do princípio de composição por acumulação, compondo a sequência da cena em um tempo limite de cinco minutos; a cena será posteriormente apresentada para toda a classe.

O tempo necessário para elaborar essa etapa pode variar de acordo com o grupo. Observar os movimentos dos alunos e encorajá-los com sugestões que os ajudem a explorar novas possibilidades e a obter maior clareza em seus gestos.

É importante que os alunos sejam estimulados a explorar diferentes posicionamentos; por exemplo, se estiverem no chão, lembre-os de que podem experimentar se deitar de costas, de lado, com as pernas dobradas ou alongadas etc.

Para estimular o trabalho de experimentação, indicar as partes do corpo que deverão iniciar as ações, sempre fornecendo o tempo necessário para que cada aluno descubra um modo próprio de realizar o movimento. É possível também convidar um aluno do grupo a conduzir oralmente a atividade, sugerindo aos colegas partes do corpo que podem iniciar os movimentos.

É importante acompanhar cada grupo em seu processo de criação, para garantir que a composição seja rica e diversificada. Estimular os alunos a variar as partes do corpo que são colocadas em ação, alternando entre movimentos dos membros superiores e dos inferiores. Encorajá-los também a diversificar a energia e a velocidade empregadas nos movimentos (movimentos mais suaves, outros mais vigorosos; lentos ou rápidos, por exemplo), de modo que o conjunto de gestos de cada grupo seja bem variado.

Aula 4

Trisha Brown levou a dança para espaços não convencionais, como a rua e os parques, bem como para o topo e a fachada dos prédios das cidades. Aplicar esse princípio na apresentação das sequências criadas pelos grupos e propor que os alunos realizem a dança em ambientes diversos da escola, e, se possível, na calçada em frente ao colégio. Solicitar aos alunos que pesquisem previamente os espaços nos quais desejam realizar a apresentação final e, juntos, definam o(s) local(ais) da apresentação.

Distribuir os grupos pelo espaço e propor a todos que comecem as sequências ao mesmo tempo, repetindo-as no mínimo por cinco vezes, sem pressa. Como cada sequência tem uma duração própria, a turma iniciará em conjunto, mas cada grupo terminará em um momento diferente. Cada grupo, ao terminar, pode se retirar do espaço ou permanecer estático, até que a última sequência termine.

Depois, reunir os alunos em uma roda e realizar um debate sobre as semelhanças e diferenças entre imitação e realidade, de maneira a ser desenvolvido, durante o debate, o senso crítico perante os fatos da vida real.

Após o encerramento das apresentações, durante o debate sobre a experiência dos alunos, propor algumas questões à turma:

Você e seus colegas conseguiram executar a sequência criada seguindo o princípio da acumulação e criando novos gestos?

Qual foi a parte do corpo mais utilizada na sequência criada por seu grupo?

Qual foi a maior dificuldade para a elaboração da sequência? Por quê?

A ordem escolhida facilitou o encadeamento dos movimentos? Foi difícil juntar um gesto ao outro?

A sequência ficaria mais interessante caso a ordem dos movimentos fosse alterada?

A sequência apresentou ao menos um gesto muito lento, um gesto dos membros inferiores do corpo, outro dos superiores e um gesto cotidiano?

Para trabalhar dúvidas

Caso algum aluno apresente dificuldade na execução dos movimentos, orientá-lo a realizar, repetidamente, gestos simples, sempre lembrando que tais gestos fazem parte do cotidiano.

Ampliação

Propor aos alunos uma pesquisa sobre artistas e companhias de dança que trabalham com a dança pós-moderna no Brasil, como o Grupo Corpo, de Belo Horizonte; as companhias de dança de Deborah Colker e a de Márcia Milhazes; e o trabalho desenvolvido por Isabel Marques, no Instituto Caleidos, em São Paulo.


Fonte: PNLD

0 Comments:

Postar um comentário