26 abril 2021

A commedia dell’arte e o improviso teatral

???

Sequência didática

commedia dellarte e o improviso teatral

Propomos trabalhar com os alunos, em grupos, a encenação e a improvisação de um trecho de uma peça de Martins Pena ou Ariano Suassuna, inserindo alguns personagens predefinidos da commedia dellarte.

A BNCC na sala de aula

Objetos de conhecimento

Artes Visuais

Materialidades

Teatro

Contextos e práticas

Elementos da linguagem

Artes Integradas

Arte e tecnologia

Competências específicas

4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.

8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

9. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.

Habilidades

Artes Visuais

(EF69AR05) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etc.).

Teatro

(EF69AR24) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.

(EF69AR26) Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

Artes Integradas

(EF69AR35) Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.

Objetivos de aprendizagem

Contextualizar historicamente a commediadell’arte e suas contribuições para o teatro.

Perceber a influência da commedia dell'arte do Renascimento na comédia atual.

Perceber e explorar as habilidades e as competências corporais dos estudantes para a construção cênica.

Compreender a commedia dell’arte como uma linguagem teatral com características e personagens específicos em seu modo de produção e apresentação.

Realizar a construção de cenas teatrais que levem os estudantes a uma experiência concreta dos conceitos e das modalidades abordados sobre a commedia dell’arte.

Conteúdos

Commedia dell’arte

Teatro

Texto impresso O nariz, de Nikolai Gógol.

Materiais e recursos

Textos impressos com comédias de Martins Pena e Ariano Suassuna.

Adereços diversos e figurino (tecidos, roupas, acessórios, entre outros).

Máquina fotográfica ou celular com câmera.

Mural da sala de aula.

Desenvolvimento

Quantidade de aulas: 4 aulas.

Aula 1

Para apresentar a commedia dellarte e trabalhar sob uma perspectiva histórica um dos principais gêneros do teatro e suas contribuições para as artes circenses, levar para a sala de aula imagens sobre esse gênero teatral e seus personagens, como os exemplos que seguem.

???

Vadim Verkner/Shutterstock.com

Representação em desenho de Arlequim, personagem da commedia dellarte.

???

Vadim Verkner/Shutterstock.com

Representação em desenho de Colombina, personagem da commedia dellarte.

???

Vadim Verkner/Shutterstock.com

Representação em desenho de Pierrô, personagem da commedia dellarte.

A partir da observação das imagens, levantar uma breve discussão com os alunos partindo do campo de experiências deles com essas representações. Incluir no debate o que estiver presente no imaginário cultural dos alunos, como séries, filmes, desenhos, HQs, games e, claro, peças de teatro com que tenham tido contato e que possam relacionar ao material apresentado. Partindo desse universo narrativo da turma, investigar com eles o modo de representação da commedia dellarte.

Comentar que os elementos presentes na commedia dellarte oferecem a oportunidade de ampliação da expressividade e a possibilidade de discussão sobre questões do cotidiano, de forma leve e descontraída, em narrativas improvisadas.

Utilizar como recurso de estudo textos sobre esse gênero teatral e exemplos de peças, como a comédia O nariz, um dos clássicos da literatura russa, escrito por Nikolai Gógol entre 1835 e 1836. Com muito humor, a peça narra a história de um oficial de São Petersburgo cujo nariz abandona o rosto e decide seguir sua vida livremente.

O nariz

No dia 25 de março passado, Petersburgo foi palco de uma aventura das mais estranhas. O barbeiro Ivan Yakovlévitch, domiciliado na avenida da Ascensão (seu nome de família se perdeu e em sua insígnia figura apenas a inscrição: Pratica-se também a sangria, por debaixo de um senhor com as faces lambuzadas de sabão), levantou-se bastante cedo e percebeu um odor de pão quente. Sentando-se na cama, viu que sua esposa  pessoa respeitável e que gostava muito de café  retirava do forno pães que acabavam de ser cozidos.

Hoje eu não tomarei café, Prascovi Ossipovna, disse Ivan Yakovlévitch. Prefiro roer um bom pão quente com cebolinha.

Na verdade, Ivan Yakovlévitch gostaria muito de pão e café, mas julgava impossível pedir as duas coisas ao mesmo tempo; Prascovi Ossipovna não tolerava caprichos deste tipo.

Tanto melhor, disse a respeitável esposa jogando um pão sobre a mesa. Que o meu tolinho se empanturre de pão! Vai me sobrar mais café.

Respeitador dos bons modos, Ivan Yakovlévitch vestiu seu casaco sobre a camisa e se preparou para o desjejum. Colocou à sua frente uma pitada de sal, limpou duas cebolas, pegou sua faca e, com uma expressão grave, cortou o pão em dois. Percebeu então, para sua grande surpresa, um objeto esbranquiçado exatamente no meio do pão. Cutucou-o cuidadosamente com a faca, apalpou-o com o dedo... Que poderá ser isso?, perguntou-se sentindo a resistência.

Meteu então os dedos dentro do pão e dali retirou... um nariz! []

GÓGOL, Nicolai V. O nariz. Tradução de Roberto Gomes. São Paulo: L&PM Pocket, s.d. p. 9-10. Disponível em: <http://lpm.com.br/livros/Imagens/o_nariz.pdf>. Acesso em: 25 set. 2018.

Pedir que os alunos façam uma leitura silenciosa, antes da leitura oral coletiva, a fim de construir sentidos, destacar vocabulário desconhecido, levantar dúvidas de interpretação e compreensão do trecho e observar e anotar particularidades do texto. Após a leitura do texto, é importante contextualizar a produção para a turma e apresentar para a sala de aula a biografia do autor, disponível, por exemplo, na internet, além de curiosidades sobre o contexto e o local em que acontece a história.

Solicite que, em duplas, os alunos respondam às questões propostas, a seguir, sobre o autor e seu texto.

1. Qual a nacionalidade de Nikolai Gógol?

Russa.

2. Descreva como poderia ter ocorrido o fato de o nariz aparecer dentro do pão que Ivan Yakovlévitch ia comer.

Resposta pessoal.

3. Qual o possível desfecho para o trecho apresentado do conto?

Resposta pessoal.

Estipular um tempo para a realização da atividade (de 10 a 15 minutos). O que cada dupla registre as questões e suas respostas individualmente e, em seguida, pedir que respondam oralmente às questões propostas. Proporcionar espaço para que expressem suas opiniões e debatam as questões em grupo.

Aula 2

Apresentar textos e demais materiais, como vídeos, sobre as comédias criadas por Martins Pena (1815-1848)  como A família e a festa da roçaO juiz de paz da roçaOs ciúmes de um pedestre ou O terrível capitão do mato, entre outras  e Ariano Suassuna (1927-2014)  por exemplo, Auto da CompadecidaO santo e a porcaA farsa da boa preguiça, entre outras , ambos autores brasileiros que se inspiraram na commedia dellarte para a produção de seus trabalhos.

Escolher, juntamente com os alunos, alguns trechos de comédias desses dois autores para leitura e interpretação em grupo. Espera-se que os alunos percebam algumas características da commedia dellarte nas obras estudadas. Chamar a atenção para a organização interna da peça, com destaque para o movimento entre os tempos, as marcações e os diálogos. Acima de tudo, reforçar o caráter divertido e lúdico de fazer teatro. A tentativa é praticar o teatro como uma ferramenta de aprendizado e prazer.

Depois, definir com a turma uma obra e selecionar passagens que serão encenadas em grupo pelos alunos, inserindo algum(ns) personagem(ns) da commedia dellarte. Orientar os alunos na reescrita do trecho escolhido, incluindo o novo personagem, sem perder a ideia proposta pelo autor para a cena original. Dividir a turma em grupos de acordo com a quantidade de personagens das cenas escolhidas e que interpretarão para a turma. Pedir que estudem o texto para encenação na próxima aula.

Aula 3

Disponibilizar tecidos, roupas e acessórios para os alunos e orientar que escolham algum elemento para compor o seu personagem. A atividade deve ser, principalmente, divertida. Incentivar os alunos a se divertirem na construção de seus personagens e durante a encenação.

Trabalhar a questão do improviso de uma cena, com pessoas que, muitas vezes, nunca experimentaram o ato de se expor em uma apresentação. É preciso que se entenda toda a construção da cena como um jogo coletivo, em que todos são do mesmo time. Reforçar a importância da proximidade da cena escolhida pelo grupo. Em seguida, estimular os alunos a se arriscarem em construções vocais, faciais, gestuais, enfim, construções criativas para representar os personagens.

Para a apresentação, organizar a sala em espaços de cena e de plateia. Ao final, registrar a cena com uma fotografia: o grupo escolhe um momento e cada integrante se dispõe como se estivesse no palco, no decorrer da encenação, porém sem se movimentar ou falar.

Aula 4

Discutir com a turma sobre as cenas criadas, a inserção dos personagens da commedia dellarte e a improvisação de cada grupo, apontando os resultados e identificando pontos que podem ser melhorados e ampliados.

Questionar os alunos sobre as dificuldades de representar personagens que não faziam parte do contexto original da cena: Quais as diferentes soluções que cada grupo encontrou para enfrentar esse desafio? Foi possível constatar diferenças na postura do corpo e na modulação da voz de cada personagem? Montar um mural na classe com as fotografias tiradas na aula anterior.

Para trabalhar dúvidas

Caso algum grupo apresente dificuldade na leitura e na interpretação do trecho escolhido da obra selecionada ou na inserção dos personagens da commedia dellarte, pode ser de grande ajuda disponibilizar um momento em que todos leiam os textos em conjunto novamente, esclarecendo as dúvidas que surgirem e promovendo, assim, melhor compreensão do texto.

Ampliação

Possibilite aos alunos analisar a própria participação, articulando a imaginação e a percepção, verificando a dinâmica de criação e de improvisação sobre as cenas escolhidas pelos grupos e a busca de soluções às dificuldades encontradas. Para isso, em uma folha avulsa, pedir aos alunos que respondam individualmente às questões a seguir:

Quais momentos da encenação foram mais expressivos da sua participação?

Descreva o momento da cena mais difícil ou intenso de ser realizado.

Das cenas teatralizadas, quais abordaram temas que você considera importantes? Relate uma dessas cenas.

Como transcorreu o processo de estudo e ensaio do seu grupo para chegar à cena representada?

Realizar o improviso durante a interpretação de seu personagem foi muito difícil? Explique por quê.

Cite algumas dicas para melhorar sua representação e também a teatralização dos colegas de sua turma.

Pode-se também escolher com a turma uma biografia para estudo. Para isso, elaborar e registrar uma lista de autores que interessem aos alunos e, em seguida, realizar um sorteio para a escolha do biografado. A pesquisa poderá ser feita na biblioteca ou na sala de informática.


Fonte: PNLD

0 Comments:

Postar um comentário