26 abril 2021

Como viviam os índios antes de existir o Brasil?

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Sequência didática

Como viviam os índios antes de existir o Brasil?

Nesta sequência didática, serão abordados temas relacionados à formação do espaço geográfico no qual o território do Brasil constituiu-se. Para isso, propõe-se o estudo dos povos originários, tendo como referências principais os povos caçadores e coletores do período Pré-colonial e povos indígenas no contexto da colonização. Objetiva-se, com esse estudo, que o aluno compreenda de que maneira se deu o início da produção do espaço geográfico brasileiro, enfatizando a importância dos povos originários nesse processo.

Ao final do percurso, pretende-se que o aluno expresse, por meio de uma representação tridimensional e sensorial (denominada de instalação artística), o modo de vida dos povos originários que habitavam as terras constituintes do atual território brasileiro. Nessa instalação serão representados elementos da arte rupestre e de artefatos ilustrativos do contexto espaço-temporal que antecedeu a colonização.

A BNCC na sala de aula

Objeto de conhecimento

Identidade sociocultural.

Transformação das paisagens naturais e antrópicas.

Competências específicas

Específicas de Geografia

1. Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a interação sociedade/natureza e exercitar o interesse e o espírito de investigação e de resolução de problemas.

2. Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhecimento geográfico, reconhecendo a importância dos objetos técnicos para a compreensão das formas como os seres humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história.

Habilidades

(EF06GE02) Analisar modificações de paisagens por diferentes tipos de sociedade, com destaque para os povos originários.

(EF06GE06) Identificar as características das paisagens transformadas pelo trabalho humano a partir do desenvolvimento da agropecuária e do processo de industrialização.

Objetivos de aprendizagem

Conhecer os modos de vida dos povos originários que habitavam o atual território brasileiro.

Identificar o modo de alteração da paisagem pelos povos originários.

Analisar dados e registros históricos sobre a chegada e presença dos povos originários no Brasil.

Reconhecer e valorizar a importância cultural dos povos originários para a formação territorial e populacional do Brasil.

Entender e desenvolver de instalação artística.

Conteúdos

Povos originários do Brasil e seus modos de vida.

Formação do espaço geográfico brasileiro.

Sítios arqueológicos brasileiros.

Materiais e recursos

Computador com projetor multimídia e com acesso à internet ou tablets

Cópias de texto sugeridos para as atividades.

Materiais para pesquisas (livros, revistas, jornais).

Materiais recicláveis.

Tintas guache de várias cores.

Pincéis.

Folhas de papel kraft, papel pardo ou papel pedra.

Sobras de papel colorido.

Desenvolvimento

Quantidade de aulas: 7 aulas.

Aula 1

Ao iniciar a aula, organizar a turma para realizar uma atividade de levantamento dos conhecimentos prévios acerca dos habitantes do território brasileiro antes da chegada dos colonizadores. Montar uma roda de conversa com a turma e apresentar as seguintes questões:

Como os primeiros humanos chegaram ao território que hoje pertence ao Brasil?

Quem vivia no Brasil antes da chegada dos colonizadores portugueses?

Onde e como viviam esses povos?

A primeira questão levantada pode ser pouco familiar aos alunos. É pertinente explicar brevemente sobre as migrações das primeiras populações humanas pelo mundo. Para auxiliar, sugere-se a seguinte fonte:

GOUCHER, Candice; WALTON, Linda. História Mundial: Jornadas do Passado ao Presente. Penso: São Paulo, 2011. Disponível em: <http://srvd.grupoa.com.br/uploads/imagensExtra/legado/G/GOUCHER_Candice/Historia_mundial/Liberado/Cap_01.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2018.

Para as demais questões, espera-se que os alunos indiquem que vários povos indígenas habitavam o atual território brasileiro, e que a chegada dos colonizadores provocou significativos impactos em seu modo de vida. Recomenda-se destinar em torno de 15 minutos para a roda de conversa.

Após a roda de conversa, os alunos assistirão a uma reportagem da TV Cultura intitulada Resquícios arqueológicos confirmam presença de povos antigos na Amazônia", disponível em <www.youtube.com/watch?v=ZjUEu_Ni5WE>, acesso em: 30 ago. 2018.

Depois da exibição da reportagem, em duplas ou em trios, eles discutirão e registrarão em um pequeno parágrafo (em torno de cinco linhas) quem foram e como viviam os povos originários no Brasil. Os grupos poderão complementar seus registros escritos com desenhos e ilustrações, tornando ainda mais interessante o material produzido. Espera-se que os alunos reflitam sobre quem vivia no território que hoje pertence ao Brasil e como esses povos viviam no período Pré-colonial. Sugere-se destinar de 25 a 30 minutos para a exibição do vídeo, a discussão e a sistematização dos grupos.

Ao final da atividade em grupo, realizar uma discussão coletiva com sistematização geral das hipóteses da turma na lousa por meio de tópicos ou palavras-chave.

Aulas 2, 3, e 4

As aulas 2 a 4 serão realizadas com base na metodologia de rotação por estações de aprendizagem. Para isso, é recomendável organizar roteiros de pesquisa em grupo colaborativos no qual, se possível, ao menos uma das estações faça uso de linguagem digital/virtual. As rotações por estações de aprendizagem fazem parte das metodologias ativas indicadas como potentes para a aprendizagem ativa.

Para iniciar a aula 2, organizar a turma em grupos colaborativos contendo de 4 a 5 integrantes, a saber:

Facilitador e harmonizador

Garante que todos compreendam a tarefa e tenham a ajuda que precisam para cumpri-la. É o responsável por tirar dúvidas do grupo com o professor. Também ajuda os colegas a resolver conflitos que poderão surgir durante o percurso.

Controlador do tempo

Organiza e garante que os prazos para a execução da tarefa sejam cumpridos. Informa ao grupo o tempo para a realização da atividade.

Gestor de materiais

Responsável pela organização e distribuição dos materiais durante e ao final da atividade. Garante que os materiais sejam devolvidos corretamente ao professor.

Redator

Responsável pelos registros necessários para a execução da atividade e pelo relatório final do grupo.

Repórter ou relator

Responsável por apresentar os resultados do grupo para a turma.

É possível montar, previamente, os grupos ou deixar que os alunos escolham com quem vão trabalhar.

Com os grupos organizados, explicar que os seus integrantes trabalharão juntos ao longo de um período de três aulas e que, ao final, é esperado que todos tenham aprendido um pouco mais a respeito dos povos que viviam no atual território brasileiro e de que modo conseguimos acessar informações sobre eles. Para essa etapa inicial da aula 2, sugere-se estipular 15 minutos.

Com os grupos de trabalho colaborativo organizados, entregar cópias do texto: "Brasil possui mais de 24 mil sítios arqueológicos cadastrados", disponível em <www.brasil.gov.br/editoria/cultura/2017/09/brasil-possui-mais-de-24-mil-sitios-arqueologicos-cadastrados>, acesso em: 30 ago. 2018. Os grupos lerão o texto juntos, destacando as informações mais importantes. É esperado que eles identifiquem informações de dois tipos no material: (1) informações relativas a sítios arqueológicos dos povos originários e (2) informações relacionadas a sítios arqueológicos datados do período colonial. Recomenda-se destinar 15 minutos para essa leitura introdutória.

Em seguida, os grupos de trabalho tomarão contato com a proposta de atividade desta sequência didática: pesquisar informações a respeito de importantes sítios arqueológicos brasileiros. Sugere-se o uso de alguns dos materiais da tabela a seguir como referências para as pesquisas que serão realizadas:


ROTEIRO DE PESQUISA SOBRE OS PRINCIPAIS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS BRASILEIROSPara o trabalho nas estações de aprendizagem, é recomendável preparar previamente um roteiro de pesquisa e de registro de informações. O objetivo desse roteiro é, primeiramente, garantir a sistematização dos conteúdos estudados pelos grupos e, em segundo lugar, organizar informações que serão utilizadas posteriormente, na etapa de elaboração do produto final desta sequência. A seguir há uma sugestão de roteiro de pesquisa com uso dos materiais elencados na tabela anterior que pode ser replicado para cada uma das cinco estações de aprendizagem ou adaptado para atingir objetivos ou tratar de conteúdos mais específicos. Para cada etapa de trabalho nas estações, o tempo estimado é de 30 a 35 minutos.

Grupo: _______________________________________________________________________________________________

Data: _______________________________________________

Série / Turma: ___________________________

Prezados alunos

Nesta proposta de atividade, vocês têm a tarefa de selecionar, organizar e registrar as informações mais importantes a respeito de alguns dos principais sítios arqueológicos existentes no Brasil. Para isso, a cada aula os grupos ocuparão uma estação de aprendizagem. Nela há um roteiro de pesquisa e materiais adequados ao trabalho que cada grupo realizará.

O trabalho é composto de cinco estações e cada estação contém materiais relacionados a alguns dos sítios arqueológicos mais importantes de cada uma das regiões do Brasil: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Todos os grupos passarão pelas 5 estações e farão registros nas fichas que compõem os roteiros de estudo.

Vamos descobrir muitas coisas a respeito dos povos que deram origem aos nossos primeiros ancestrais no Brasil: os povos originários que aqui viveram antes da chegada dos colonizadores portugueses!

Boa pesquisa!

Estação ______________________________________________________________________________________________

Região _______________________________________________________________________________________________

O grupo deverá escolher um sítio arqueológico da região para estudar e responder às questões propostas.

1. Onde se localiza esse sítio arqueológico (em unidades de conservação, em área não protegida, perto de cidades ou de aldeias indígenas etc.)?

2. Quais são os tipos de registros encontrados nesse sítio arqueológico (as evidências, os artefatos, os objetos encontrados que mostram a existência de um povo originário naquele local)? O grupo deverá colocar o nome do tipo de registro e uma imagem. Se houver mais de um tipo de registro, colocar um exemplo de cada registro encontrado no local.

3. Como é a paisagem existente no local onde esse sítio arqueológico se situa? O grupo precisará descrever a paisagem e inserir uma fotografia representativa dessa paisagem.

4. Há alguma ameaça à preservação desse sítio? Qual?

5. De que maneira esse sítio arqueológico pode nos ajudar a entender melhor como o espaço geográfico brasileiro tem se formado?

Aula 5

Nesta aula, recomenda-se atuar como mediador e organizar uma roda de conversa com a turma para discutir o que foi aprendido com as pesquisas nas estações de aprendizagem e resolver possíveis dúvidas. Sugere-se destinar 15 minutos para essa conversa.

Em seguida, propor à turma a produção de uma instalação artística para apresentar à comunidade escolar as descobertas sobre a existência dos povos originários que habitavam o atual território brasileiro.

Uma instalação artística consiste em um espaço destinado à disposição de obras de caráter artístico e visual, que propicia uma experiência sensorial ou multissensorial aos seus visitantes. A instalação é montada e desmontada em um curto período, que pode durar algumas horas ou dias. O importante é que os visitantes estejam expostos a uma experiência vivencial por meio das artes.

Ouvir as ideias da turma no que se refere ao planejamento dessa instalação, o que será representado nela, quais objetos, artefatos, inscrições, pinturas, entre outros registros arqueológicos farão parte da instalação é muito desejável. É possível dar sugestões, mas é muito importante que as ideias dos alunos sejam contempladas em sua maior parte. Nesse momento é importante apresentar aos alunos o local onde essa instalação será montada. Desse modo, planejar a organização e a disposição das obras, bem como toda a ambientação, fica mais fácil. Sugere-se estipular 10 minutos para esta etapa.

Para organizar esse planejamento, reunir os alunos nos grupos colaborativos e decidir qual será a tarefa de cada grupo, ou seja, cada grupo deverá ser responsável por estruturar a exposição dos materiais relativos a uma região do Brasil.

Depois de decidida a tarefa de cada grupo na instalação, os alunos, ainda em grupos, devem fazer uma proposta para a estrutura da instalação artística, compondo um esboço de planta baixa do local onde ela será montada. Nesse esboço, os grupos devem indicar o posicionamento de cada material exposto, os materiais que serão usados na ambientação de sua região. Os grupos receberão papel sulfite A3 para montar o esboço e a lista dos materiais. Estima-se destinar 40 minutos para a confecção do esboço e da lista de materiais.

Recolher o material ao final da aula e providenciar os itens solicitados junto à escola. Pedir aos alunos que tragam materiais reciclados, gravetos, folhas secas e conchas para serem usados na instalação artística.

Aula 6

Organizar uma estação de materiais. A turma será disposta nos grupos colaborativos e o gestor de materiais de cada grupo deverá buscar e devolver na estação os itens a serem utilizados na confecção dos objetos e das representações de arte rupestre, petróglifos e geoglifos de cada sítio arqueológico.

O gestor do tempo manterá o grupo sempre informado do aproveitamento do tempo de aula para a resolução da tarefa. Todos devem trabalhar na confecção dos objetos e dos elementos cenográficos que compõem a sua instalação.

Garantir a unidade cenográfica da instalação é parte da ação docente nesse momento. Consultar os facilitadores de cada grupo sobre o andamento do trabalho em grupo é uma etapa importante, assim como solicitar aos relatores e repórteres um parecer relacionado ao resultado final do trabalho em grupo e do produto final como um todo.

A aula deve ser inteiramente destinada à confecção e à montagem da instalação. Recomenda-se que o local escolhido para a instalação seja de fácil acesso à comunidade escolar e que seja visitada pelo maior número de pessoas possível. Ao final da experiência, os visitantes podem assinar um livro de visitas e deixar recados à turma.

Aula 7

Nesta aula, finalizar a montagem da instalação e proporcionar aos alunos um momento de contemplação e de vivência junto ao material produzido.

Depois, realizar uma roda de conversa com a turma para avaliar o percurso de estudo e o produto final; e, se for possível, aplicar o relatório final de avaliação à turma.

Para trabalhar dúvidas

Caso os alunos apresentem dúvidas relacionadas ao tema de estudo, retomar a ideia de que o espaço geográfico resulta das sucessivas intervenções, mudanças e transformações que a sociedade promove. Conhecer o modo de vida dos povos originários é uma maneira de propiciar aos alunos o entendimento de que o espaço geográfico no qual o Brasil se situa não resulta apenas do processo de colonização. Identificar as dúvidas específicas deles e reler com eles textos ou trechos indicados nas estações de aprendizagem também pode ser eficaz. Procurar outras imagens e vídeos representativos dos sítios arqueológicos brasileiros complementa os materiais já disponibilizados e amplia o conhecimento, contribuindo para solucionar as dúvidas.

Avaliação

A avaliação desta sequência didática consiste na elaboração de um breve relatório a ser produzido em dupla ou trio, tendo como referência os grupos do trabalho colaborativo. Sugere-se o modelo de ficha a seguir.

MODELO DE RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO EM DUPLA OU TRIO

Nomes: _______________________________________________________________ Turma: _______________________

1. Pode-se afirmar que o espaço geográfico brasileiro começou a ser constituído a partir da chegada dos colonizadores portugueses? Justifique a sua resposta com informações obtidas pelas pesquisas nas estações de aprendizagem.

2. Quais tipos de registro arqueológico chamaram a atenção de vocês durante o percurso de estudo? Por quê? Onde eles foram encontrados?

3. Avalie a sua participação nas aulas, considerando a sua participação durante todas as etapas do trabalho em grupo.

(Essa questão deve ser reproduzida de acordo com a quantidade de integrantes de cada grupo  dupla ou trio)

Aluno: __________________________________________________________________________________

( ) Insatisfatória

( ) Parcialmente satisfatória

( ) Satisfatória

( ) Totalmente satisfatória

Se você considerou a sua participação insatisfatória ou parcialmente satisfatória, o que poderia fazer para melhorá-la?

Aluno: __________________________________________________________________________________

( ) Insatisfatória

( ) Parcialmente satisfatória

( ) Satisfatória

( ) Totalmente satisfatória

Se você considerou a sua participação insatisfatória ou parcialmente satisfatória, o que poderia fazer para melhorá-la?

Aluno: __________________________________________________________________________________

( ) Insatisfatória

( ) Parcialmente satisfatória

( ) Satisfatória

( ) Totalmente satisfatória

Se você considerou a sua participação insatisfatória ou parcialmente satisfatória, o que poderia fazer para melhorá-la?

4. A instalação organizada e montada pela sua turma revela o percurso de estudo e de descoberta pelo qual vocês passaram? Assinalem a alternativa que melhor expressa o nível de satisfação do grupo (dupla ou trio) quanto ao produto final.

( ) Insatisfatório

( ) Parcialmente satisfatório

( ) Satisfatório

( ) Totalmente satisfatório

A dupla ou trio tem alguma sugestão ou crítica a fazer? Registre-a no espaço a seguir.

Ampliação

Os alunos poderão estudar um sítio arqueológico específico, escolhido pela turma ou indicado pelo professor. Para isso, fazer uma lista de sítios arqueológicos que não foram estudados nas estações de aprendizagem ou selecionar um sítio arqueológico cujo interesse comum da turma possibilite o aprofundamento por meio de pesquisas. A pesquisa poderá ser feita na biblioteca da escola ou na aula de informática, sendo necessário acesso à internet nas duas opções.


Fonte

Sons afro-brasileiros

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sequência didática

Sons afro-brasileiros

Nesta sequência, serão abordadas as manifestações artísticas e culturais brasileiras, com destaque para os ritmos afro-brasileiros. Serão propostas a confecção de instrumentos não convencionais e improvisações musicais.

A BNCC na sala de aula

Objetos de conhecimento

Dança

Processos de criação

Competências específicas

1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.

3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.

4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.

8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

9. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.

Habilidades

Dança

(EF69AR12) Investigar e experimentar procedimentos de improvisação e criação do movimento como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios.

(EF69AR13) Investigar brincadeiras, jogos, danças coletivas e outras práticas de dança de diferentes matrizes estéticas e culturais como referência para a criação e a composição de danças autorais, individualmente e em grupo.

(EF69AR14) Analisar e experimentar diferentes elementos (figurino, iluminação, cenário, trilha sonora etc.) e espaços (convencionais e não convencionais) para composição cênica e apresentação coreográfica.

Objetivos de aprendizagem

Investigar diferentes manifestações artísticas e culturais brasileiras, com destaque para os festejos populares.

Experimentar danças típicas do Brasil, explorando os elementos da linguagem da dança.

Pesquisar e conhecer as músicas comumente associadas às manifestações investigadas.

Valorizar os costumes e as tradições de diferentes povos.

Compreender a si e ao outro como identidades diferentes, de forma a exercitar o respeito à diferença em uma sociedade plural.

Conteúdos

Festas populares brasileiras

Danças e ritmos brasileiros

Experimentação em dança

Movimento e gestualidade


Materiais e recursos

Projetor de imagem e aparelho de som.

Lápis e canetas coloridas.

Fitas adesivas diversas, cola, tesoura e cola quente.

Retalhos de tecido, pedaços de papel colorido ou folhas de revistas velhas.

Objetos descartados ou recicláveis.

Desenvolvimento

Quantidade de aulas: 6 aulas.

Aula 1

Para dar início à aula, organizar a turma em semicírculo e realizar um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos a respeito das danças e dos ritmos típicos brasileiros. Esse levantamento é importante para apontar as noções da turma sobre o assunto; as respostas podem variar de acordo com a região em que vivem os alunos. É interessante anotar as respostas na lousa e, a partir delas, questioná-los quanto à sua possível origem, ou seja, se o ritmo ou a dança podem ter se modificado no Brasil. As seguintes perguntas podem ser feitas para instigar a reflexão da turma:

Vocês conhecem uma música, uma dança ou um ritmo que seja característico de sua região?

Quais estilos musicais brasileiros vocês conhecem? Já pensaram sobre sua origem?

Será que os ritmos típicos do Brasil têm influência de outros países?

Vocês gostam das músicas, das danças e dos ritmos brasileiros? Para vocês, o que mais chama atenção nessas manifestações?

Será que existem músicas boas e músicas ruins? Vocês acham que as músicas e os ritmos do Brasil são bons ou ruins?

As perguntas são importantes para instigar a curiosidade, o pensamento crítico, o debate, a percepção e a reflexão sobre as manifestações culturais brasileiras. É interessante perguntar se consideram que há música boa e música ruim, pois são comuns estereótipos e preconceitos no que se refere à música nacional. A partir dessa questão, é possível anotar na lousa o nome de diferentes gêneros musicais  como funk, música clássica, rock, samba, toada, poprap, entre outros  e perguntar aos alunos de quais gêneros gostam, desgostam e o porquê. Provavelmente, a turma apresentará gostos variados, muitos podem gostar de determinado gênero e outros não; esse momento é propício para o professor instigar a seguinte reflexão: Algumas pessoas gostam de samba e outras não. Assim, podemos classificar o samba como ruim ou bom?. Espera-se que, com a reflexão, os alunos respondam que certamente não, afinal, as pessoas possuem gostos diferentes.

O propósito dessa questão é fazer com que os alunos quebrem certos estereótipos relacionados à música e desmistifiquem o preconceito de que um gênero é bom e outro ruim. A música faz parte das manifestações culturais, e as pessoas têm direito de gostar ou desgostar de uma música. É importante que, nesse momento, seja abordado também o preconceito ligado às manifestações culturais e à população de origem africana no Brasil. No início da aula, os alunos foram questionados sobre músicas, danças e ritmos típicos brasileiros, e, possivelmente, muitos desconheçam suas origens.

Para aprofundar um pouco mais o assunto, sugerimos uma mediação em que sejam apresentados diferentes ritmos afro-brasileiros, como jongo, maracatu, samba, coco, ijexá, xote, maculelê, carimbó, capoeira, entre outros. Além dos ritmos, é possível fazer conexões entre a música e as artes visuais, apresentando obras como pinturas, esculturas, performances, etc.

A ideia, ao apresentar ritmos típicos brasileiros, é possibilitar o contato dos alunos com manifestações culturais e musicais de diversas regiões do Brasil, reconhecendo a influência das matrizes brasileiras em ritmos, músicas e danças tradicionais, com ênfase para a matriz africana. Portanto, são bem-vindos, no decorrer da mediação, não só áudios de ritmos e músicas, mas vídeos de danças em festejos tradicionais brasileiros. O grupo Maracatu Nação Pernambuco, o Grupo Corpo, o bloco Olodum e as obras Jogar capoeira, de Johann Moritz Rugendas (1802-1858), e Músicos, de Carybé (1922-1997), são exemplos que podem nortear a mediação.

Perguntar aos alunos quais impressões tiveram em relação às obras, aos vídeos e às músicas apresentados, quais elementos lhes chamaram a atenção e se perceberam algo em comum entre as obras. É importante eles perceberem que as obras apresentam elementos em comum, como a temática, as manifestações e os ritmos afro-brasileiros. Os seguintes questionamentos podem ser feitos para nortear essa discussão:

O que há de comum entre as músicas e as pinturas apresentadas? Por que acham isso?

Quais ritmos estão presentes nas músicas, nas danças e nas pinturas?

Para vocês, o que são manifestações culturais?

Será que os músicos e os artistas quiseram retratar manifestações culturais do Brasil?

Procure dialogar acerca das relações entre as obras apresentadas e estabelecer conexões entre o contexto em que foram criadas e o contexto em que vivem os alunos. Por exemplo: Que relação podemos estabelecer entre uma obra que retrata a capoeira criada por artistas missionários do século XIX no Brasil e uma apresentação contemporânea de capoeira?. Pode-se perguntar se conhecem as principais características da capoeira, o contexto em que surgiu, quem a praticava e se o contexto em que as pessoas praticavam a capoeira é o mesmo de hoje.

Pode-se ainda escolher com os alunos uma música ou um vídeo para trabalhar uma frase (ou alguns compassos), analisando em conjunto as propriedades sonoras, como altura, intensidade, duração e timbre. É importante observarem: quais instrumentos podem identificar e que sonoridades produzem; se o andamento (ou a velocidade) de determinada frase é rápido ou lento; de qual local esses instrumentos podem ter se originado; entre outros aspectos.

Em seguida, uma breve experimentação pode enriquecer o momento de fruição. Uma sugestão é que tentem alcançar sonoridades próximas às dos instrumentos utilizados na frase analisada, explorando os sons corporais ou de objetos em seu entorno. A partir desses sons, os alunos podem recriar a frase rítmica utilizando a percussão corporal. Para que eles possam se guiar, é importante fazer a marcação do compasso.

Por fim, pedir aos alunos que se organizem em grupos para pesquisar um ritmo afro-brasileiro, enfatizando sua possível origem, a(s) região(ões) em que é predominante no Brasil, os principais instrumentos utilizados e as danças ou os festejos em que o ritmo aparece. Orientar os grupos para que conversem entre si, de modo que cada grupo escolha um ritmo diferente, evitando repetições. Pedir que tragam em CD ou pen drive uma música ou um vídeo do ritmo escolhido e que anotem as fontes da pesquisa.

Aula 2

Para iniciar a aula, pedir que os alunos retomem a formação dos grupos como na aula passada. Retomar brevemente os principais tópicos abordados anteriormente e, em seguida, propor que compartilhem os resultados de suas pesquisas. Os comentários podem ser breves; o importante é que os alunos apresentem as principais características e a origem do ritmo escolhido. Na lousa, anotar as palavras-chave para identificar os ritmos, considerando os seguintes tópicos:

Nome do ritmo (capoeira, coco, maculelê, jongo etc.).

Origem.

Principais características.

Principais instrumentos usados.

Regiões e festejos em que o ritmo é presente.

Vale lembrar que as origens dos ritmos afro-brasileiros ainda são muito discutidas, afinal, muitas características ou elementos africanos são incorporados às manifestações culturais e artísticas, que se modificam e enriquecem, ganhando características próprias. Para que todos os grupos apresentem o ritmo escolhido, será preciso calcular a quantidade de músicas ou vídeos. Se a turma estiver organizada em muitos grupos, será necessário exibir somente alguns trechos do material pesquisado.

Nesse momento, a ideia é que ocorra a troca das informações investigadas pelos alunos. Fazer alguns apontamentos para questões, como a presença da matriz africana e sua importância/contribuição não só para as manifestações artísticas e culturais brasileiras, mas também em outros âmbitos (social, histórico etc.). O intuito é observar a mescla entre culturas de diferentes povos e países, bem como a maneira como o sincretismo é marcante não só na sociedade, mas também na música e nos ritmos brasileiros.

Durante a conversa, cada aluno pode apontar qual ritmo lhe chamou mais a atenção, quais instrumentos achou interessantes, se já conhecia ou se participou de festejos em que esses ritmos aparecem. Outros pontos a serem analisados nos vídeos de danças e festejos são os elementos do cenário (se houver), o figurino e a dança.

Para a próxima aula, pedir que os grupos pesquisem pelo menos dois instrumentos característicos do ritmo que escolheram anteriormente. Por exemplo, se um grupo pesquisou a respeito do jongo e escolheu os tambores caxambu e candongueiro (predominantes nesse ritmo), poderá investigar formas de confeccioná-los com objetos acessíveis. Os grupos deverão coletar objetos recicláveis ou descartados, miudezas sem uso e materiais orgânicos, como sementes, pedras e outros. Com esses materiais e com base na pesquisa realizada, deverão elaborar um esboço de como produzir os instrumentos escolhidos. Os materiais e o esboço serão utilizados na aula seguinte. Por fim, pedir que respondam às seguintes perguntas no caderno ou no Diário de Arte:

1. O sincretismo ocorre em diversas sociedades do mundo, inclusive na brasileira, onde é muito marcante. Além dos ritmos, das músicas, das danças e dos festejos, onde ou em que você percebe o sincretismo afro-brasileiro?

Resposta pessoal. Além dos ritmos, das músicas, das danças e dos festejos, são inúmeras as possibilidades de resposta. Os alunos podem notar vestimentas, religiões, comidas, costumes, lendas etc.

2. Para você, de que maneira as contribuições da matriz africana se refletem na cultura brasileira?

Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reconheçam a trajetória dos povos africanos no Brasil, valorizando sua importância no processo de sincretismo e construção da identidade brasileira. Isso se reflete nas ricas manifestações afro-brasileiras.

Essas e outras questões podem ser registradas no caderno dos alunos, como uma maneira de avaliar o processo de ensino-aprendizagem ao longo e no final do bimestre. Sugerimos a utilização do Diário de Arte para que, no decorrer das aulas, cada aluno anote suas reflexões, palavras-chave, pontos ou tópicos significativos para ele, dúvidas, curiosidades, desenhos, colagens, ideias, registros das aulas e temas abordados.

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GoodMood Photo/Shutterstock.com

Tambores djembê africanos e caxixi. Instrumentos musicais de percussão.

Aula 3

Para iniciar a aula, pedir que os alunos se organizem em grupos para a confecção dos instrumentos. A partir da pesquisa, do esboço e dos materiais coletados, é possível pensar nas sonoridades originais dos instrumentos pesquisados e testar diversas materialidades em sua confecção. É interessante que explorem as propriedades sonoras dos instrumentos; por exemplo, quais materiais produzem sons graves ou agudos, mais intensos ou suaves e longos ou curtos. Além disso, é importante que busquem atribuir aos seus instrumentos uma característica única.

Para a confecção dos instrumentos, orientar os alunos quanto ao manuseio de objetos que possam machucá-los (como aqueles com rebarbas), da tesoura e da cola quente. Para a estilização dos instrumentos, podem utilizar fitas adesivas variadas e coloridas, papéis diversos, retalhos de tecido, canetas, tintas etc. O que vale é utilizar a criatividade e a imaginação.

Após a confecção em grupo dos instrumentos, a próxima etapa será investigar maneiras de tocá-los. Cada grupo ficará responsável por pesquisar uma frase rítmica ou um pequeno trecho e demonstrá-lo na aula seguinte, utilizando os instrumentos confeccionados. Orientá-los para que pesquisem trechos simples do ritmo escolhido, podendo demonstrar simplesmente a batida.

No caderno ou no Diário de Arte, podem ser registrados o processo criativo na confecção dos instrumentos, as descobertas e as dificuldades com que os alunos depararam e o que acharam interessante ao longo dessa etapa. Ilustrações, fotografias, colagens e textos são bem-vindos para compor esse registro.

Aula 4

Pedir aos alunos que se organizem em semicírculo (ou em círculo) e combinar uma forma para demonstrarem o ritmo investigado com os instrumentos que confeccionaram, de modo que todos se sintam confortáveis. Uma sugestão é que o grupo demonstre uma vez o ritmo e, em seguida, os demais grupos tentem reproduzi-lo com seus instrumentos. Diversos timbres e sonoridades surgirão.

Perguntar se a turma se recorda das músicas e dos vídeos apresentados na Aula 1 para que possam estabelecer relações com a interpretação dos grupos. Nesse momento, a experimentação é essencial para que se crie uma atmosfera confortável, reflexiva e criativa, em que simultaneamente os alunos possam aguçar a percepção. É importante que, a cada demonstração, comentem a respeito de suas impressões e sensações sobre o ritmo. Em seguida, fazer as seguintes perguntas:

Qual ou quais ritmos lhe chamaram mais a atenção? Por quê?

Como seu corpo reage ao som desses instrumentos e ritmos?

Quais sonoridades você achou interessantes nos instrumentos confeccionados?

Na música, existem diversas formas de registrar, escrever e representar os sons graficamente; a partitura é uma delas. Você conhece outras formas de escrever os sons?

Convidar os alunos a criar uma forma de representar e escrever os ritmos demonstrados. Para isso, explicar brevemente como os sons agudos, médios e graves são representados na partitura, por meio da localização das notas no pentagrama. Pedir a alguns alunos que emitam um som de algum objeto, do corpo ou do próprio instrumento confeccionado e analisar as propriedades sonoras do som produzido. Perguntar qual onomatopeia poderia representar esse som, quais cor, textura e forma ele poderia ter; registrar na lousa as respostas. A ideia é que os alunos desenvolvam a capacidade de simbolizar e representar os sons, explorando sua grafia de maneira criativa. Convidá-los a criar uma escrita musical para um dos ritmos apresentados. Realizar essa experimentação, ainda que brevemente, para que os alunos vivenciem a notação musical não convencional. Dessa forma, poderão criar, posteriormente, partituras não convencionais e interpretá-las. Depois de terem passado por essas etapas da pesquisa e experimentação, os alunos podem nomear seus instrumentos. Todos os registros podem ser realizados no caderno ou no Diário de Arte. Pedir aos alunos para trazer os instrumentos na próxima aula ou, se for possível, guardá-los em algum local na escola.

Aula 5

Organizar os alunos em círculo e solicitar que abram o caderno ou o Diário de Arte onde registraram os sons produzidos na aula anterior e retomem o que foi discutido. Perguntar o que se lembram das experimentações passadas e das representações criadas para cada som. Convidar um aluno para escrever na lousa um dos sons registrados em seu caderno e perguntar se ele pode reproduzi-lo da mesma forma. Possivelmente, muitos alunos não vão recordar os sons representados, pois criaram símbolos e representações no momento em que ouviam os ritmos. Cada aluno criou o próprio sistema de notação, portanto um mesmo som pode ter sido representado de diversas formas. Fazer essa experiência com alguns alunos.

Em seguida, desenhar um pentagrama na lousa e pedir para um aluno produzir um som em alguma parte da sua mesa. Perguntar como a turma classificaria esse som: agudo, médio ou grave. A princípio, pode ser difícil analisá-lo, mas, se outro aluno produzir um som oposto ao do primeiro, será mais fácil compará-los e classificá-los.

O pentagrama, assim como na partitura convencional, definirá a altura dos sons (ou notas). As demais propriedades, como intensidade, duração e timbre, serão analisadas e classificadas até que a turma chegue a um consenso. Dessa forma, os alunos notarão que a escrita a partir de parâmetros possibilita a leitura musical em conjunto. No entanto, assim como os intérpretes (ou músicos), é possível interpretar um mesmo som ou partitura de formas distintas, afinal, é preciso considerar a singularidade, a poética de cada um. As perguntas a seguir podem instigar a reflexão da turma:

Vocês já ouviram falar sobre poética? O que será que ela significa?

Já ouviram uma mesma música em diferentes versões, ou seja, interpretada por vários artistas ou músicos?

A ideia é que os alunos reflitam sobre a singularidade das pessoas; é importante que eles compreendam que cada um possui sua poética, seu modo de ler e interpretar o mundo e seu entorno, de criar e recriar, de sentir e se expressar. O mesmo ocorre com a música: um som ou uma música podem provocar diferentes sensações, impressões e emoções nas pessoas.

Provavelmente, muitos já devem ter ouvido uma música em diferentes versões. Poderão perceber que, na aula anterior, ao analisarem, representarem e reproduzirem um som, eles recriaram os sons originais, atribuindo-lhes uma nova interpretação.

É importante que compreendam que não se trata de copiar o som, mas de ouvi-lo ou codificá-lo para, então, representá-lo à sua maneira. Partindo dessa ideia, propor aos alunos a seguinte experimentação coletiva: Inspirando-se nos ritmos afro-brasileiros abordados anteriormente, criem o próprio ritmo. Para isso, eles devem utilizar os instrumentos que criaram em grupo e outros objetos não convencionais, bem como a percussão corporal. A partir do ritmo, a ideia é que criem uma composição de 1 a 3 minutos (estipular um tempo com a turma). Para essa proposição, sugerimos a realização das seguintes etapas:

Explorar os sons dos instrumentos confeccionados, objetos variados e percussão corporal.

Criar o ritmo, registrando-o graficamente.

Criar uma escrita-padrão para representar os sons dos instrumentos.

Criar uma composição utilizando o ritmo.

Criar passos de dança para acompanhar o ritmo, se eles desejarem.

O compasso utilizado pode ser de um dos ritmos pesquisados pelos alunos, porém é válido que explorem outros compassos. O ritmo será a base da composição: ele poderá ser criado a partir dos sons dos instrumentos, dos sons corporais ou de objetos variados. Tendo o ritmo como base, os alunos poderão compor e improvisar diferentes sons.

A composição será registrada por meio de notação musical não convencional e, para isso, os alunos poderão combinar formas, figuras, linhas, cores, texturas e outras formas de simbolizar ou representar os sons. Durante o processo, orientá-los em relação à construção dos compassos e à marcação da pulsação. É essencial esclarecer as dúvidas da turma e acompanhar de perto o processo criativo de cada um. Para essa proposta, será necessário mais de uma aula.

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Alena Kaz/Shutterstock.com

Instrumentos da capoeira.

Aula 6

Começar a aula estipulando um tempo para que os alunos finalizem a atividade de registro não convencional da composição musical que iniciaram na aula anterior. Depois, pedir que se organizem em círculo. Perguntar quais impressões tiveram das experimentações e o que acharam mais interessante e significativo ao longo das aulas. Aproveitar o momento para obter um feedback em relação às propostas. Individualmente, cada aluno pode registrar suas impressões finais dos processos de criação e diálogos realizados. O Diário de Arte será uma ferramenta para auxiliar no processo avaliativo; além disso, o aluno pode realizar uma autoavaliação ao analisar, registrar e refletir sobre seu desenvolvimento pessoal e criativo. Propor aos alunos que apresentem sua composição para outras turmas da escola e combinar com a direção local e dia para a apresentação.

Por fim, pedir que reflitam e respondam à seguinte questão:

Nas aulas iniciais, vocês responderam a uma pergunta sobre a importância das contribuições da matriz africana para as manifestações culturais e artísticas brasileiras. Depois de todo o diálogo e dos processos pelos quais vocês passaram, tentem responder novamente a essas questões e perguntem-se: algo mudou em meu ponto de vista?.

Os alunos podem compartilhar suas respostas e observações com os colegas.

Para trabalhar dúvidas

Algumas dúvidas podem surgir ao longo das aulas e é essencial observar atentamente a turma, orientando-a quando necessário. Uma possível dúvida que pode surgir é em relação à notação musical. Muitos alunos podem não ter tido contato com a partitura convencional, e o primeiro contato pode ser muito abstrato para eles. Nesse caso, sugerimos mostrar aos alunos algumas imagens de partituras não convencionais para que compreendam como se dá a relação simbólica ou representativa entre os sons e as maneiras de representá-los graficamente. A utilização do pentagrama de maneira não convencional é importante para que os alunos se habituem à escrita musical.

Ao longo das discussões, os termos matrizes africanas e sincretismo aparecerão frequentemente. Se surgirem dúvidas em relação a esses termos, retomar a conversa e esclarecê-las. Para que os alunos percebam a influência da matriz africana nos ritmos ou nas danças, pedir para pesquisarem danças ou ritmos típicos de algumas regiões da África que podem ter influenciado as danças e os ritmos brasileiros. Exibir um vídeo de uma dança ou um ritmo afro-brasileiro e, em seguida, de uma dança ou um ritmo da África. Perguntar se os alunos observam semelhanças tanto nas sonoridades dos instrumentos quanto nos passos de dança.

Ampliação

Organizar uma exposição interativa na escola com o tema cultura afro-brasileira. As manifestações artísticas e culturais podem ser compartilhadas com outras turmas por meio de uma exposição em que os alunos apresentem sua composição musical e, ao mesmo tempo, os instrumentos confeccionados por eles.

A exposição pode funcionar da seguinte maneira: os alunos podem se dividir em grupos e cada grupo fica responsável por planejar um espaço. Por exemplo: na exposição, pode haver um espaço para expor os instrumentos musicais (que também podem ser espalhados), outro para a apresentação da composição dos alunos e outro ainda para expor imagens, fotografias, colagens e textos de autoria dos alunos, contendo curiosidades, observações e informações sobre a cultura afro-brasileira. Os visitantes podem interagir com os instrumentos ao longo da exposição.

Combinar com a direção da escola uma data e um local para realizar a exposição e pedir para os alunos pesquisarem algumas exposições, investigando as possibilidades de organizar uma na escola.


Materiais e recursos

Projetor de imagem e aparelho de som.

Lápis e canetas coloridas.

Fitas adesivas diversas, cola, tesoura e cola quente.

Retalhos de tecido, pedaços de papel colorido ou folhas de revistas velhas.

Objetos descartados ou recicláveis.

Desenvolvimento

Quantidade de aulas: 6 aulas.

Aula 1

Para dar início à aula, organizar a turma em semicírculo e realizar um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos a respeito das danças e dos ritmos típicos brasileiros. Esse levantamento é importante para apontar as noções da turma sobre o assunto; as respostas podem variar de acordo com a região em que vivem os alunos. É interessante anotar as respostas na lousa e, a partir delas, questioná-los quanto à sua possível origem, ou seja, se o ritmo ou a dança podem ter se modificado no Brasil. As seguintes perguntas podem ser feitas para instigar a reflexão da turma:

Vocês conhecem uma música, uma dança ou um ritmo que seja característico de sua região?

Quais estilos musicais brasileiros vocês conhecem? Já pensaram sobre sua origem?

Será que os ritmos típicos do Brasil têm influência de outros países?

Vocês gostam das músicas, das danças e dos ritmos brasileiros? Para vocês, o que mais chama atenção nessas manifestações?

Será que existem músicas boas e músicas ruins? Vocês acham que as músicas e os ritmos do Brasil são bons ou ruins?

As perguntas são importantes para instigar a curiosidade, o pensamento crítico, o debate, a percepção e a reflexão sobre as manifestações culturais brasileiras. É interessante perguntar se consideram que há música boa e música ruim, pois são comuns estereótipos e preconceitos no que se refere à música nacional. A partir dessa questão, é possível anotar na lousa o nome de diferentes gêneros musicais  como funk, música clássica, rock, samba, toada, poprap, entre outros  e perguntar aos alunos de quais gêneros gostam, desgostam e o porquê. Provavelmente, a turma apresentará gostos variados, muitos podem gostar de determinado gênero e outros não; esse momento é propício para o professor instigar a seguinte reflexão: Algumas pessoas gostam de samba e outras não. Assim, podemos classificar o samba como ruim ou bom?. Espera-se que, com a reflexão, os alunos respondam que certamente não, afinal, as pessoas possuem gostos diferentes.

O propósito dessa questão é fazer com que os alunos quebrem certos estereótipos relacionados à música e desmistifiquem o preconceito de que um gênero é bom e outro ruim. A música faz parte das manifestações culturais, e as pessoas têm direito de gostar ou desgostar de uma música. É importante que, nesse momento, seja abordado também o preconceito ligado às manifestações culturais e à população de origem africana no Brasil. No início da aula, os alunos foram questionados sobre músicas, danças e ritmos típicos brasileiros, e, possivelmente, muitos desconheçam suas origens.

Para aprofundar um pouco mais o assunto, sugerimos uma mediação em que sejam apresentados diferentes ritmos afro-brasileiros, como jongo, maracatu, samba, coco, ijexá, xote, maculelê, carimbó, capoeira, entre outros. Além dos ritmos, é possível fazer conexões entre a música e as artes visuais, apresentando obras como pinturas, esculturas, performances, etc.

A ideia, ao apresentar ritmos típicos brasileiros, é possibilitar o contato dos alunos com manifestações culturais e musicais de diversas regiões do Brasil, reconhecendo a influência das matrizes brasileiras em ritmos, músicas e danças tradicionais, com ênfase para a matriz africana. Portanto, são bem-vindos, no decorrer da mediação, não só áudios de ritmos e músicas, mas vídeos de danças em festejos tradicionais brasileiros. O grupo Maracatu Nação Pernambuco, o Grupo Corpo, o bloco Olodum e as obras Jogar capoeira, de Johann Moritz Rugendas (1802-1858), e Músicos, de Carybé (1922-1997), são exemplos que podem nortear a mediação.

Perguntar aos alunos quais impressões tiveram em relação às obras, aos vídeos e às músicas apresentados, quais elementos lhes chamaram a atenção e se perceberam algo em comum entre as obras. É importante eles perceberem que as obras apresentam elementos em comum, como a temática, as manifestações e os ritmos afro-brasileiros. Os seguintes questionamentos podem ser feitos para nortear essa discussão:

O que há de comum entre as músicas e as pinturas apresentadas? Por que acham isso?

Quais ritmos estão presentes nas músicas, nas danças e nas pinturas?

Para vocês, o que são manifestações culturais?

Será que os músicos e os artistas quiseram retratar manifestações culturais do Brasil?

Procure dialogar acerca das relações entre as obras apresentadas e estabelecer conexões entre o contexto em que foram criadas e o contexto em que vivem os alunos. Por exemplo: Que relação podemos estabelecer entre uma obra que retrata a capoeira criada por artistas missionários do século XIX no Brasil e uma apresentação contemporânea de capoeira?. Pode-se perguntar se conhecem as principais características da capoeira, o contexto em que surgiu, quem a praticava e se o contexto em que as pessoas praticavam a capoeira é o mesmo de hoje.

Pode-se ainda escolher com os alunos uma música ou um vídeo para trabalhar uma frase (ou alguns compassos), analisando em conjunto as propriedades sonoras, como altura, intensidade, duração e timbre. É importante observarem: quais instrumentos podem identificar e que sonoridades produzem; se o andamento (ou a velocidade) de determinada frase é rápido ou lento; de qual local esses instrumentos podem ter se originado; entre outros aspectos.

Em seguida, uma breve experimentação pode enriquecer o momento de fruição. Uma sugestão é que tentem alcançar sonoridades próximas às dos instrumentos utilizados na frase analisada, explorando os sons corporais ou de objetos em seu entorno. A partir desses sons, os alunos podem recriar a frase rítmica utilizando a percussão corporal. Para que eles possam se guiar, é importante fazer a marcação do compasso.

Por fim, pedir aos alunos que se organizem em grupos para pesquisar um ritmo afro-brasileiro, enfatizando sua possível origem, a(s) região(ões) em que é predominante no Brasil, os principais instrumentos utilizados e as danças ou os festejos em que o ritmo aparece. Orientar os grupos para que conversem entre si, de modo que cada grupo escolha um ritmo diferente, evitando repetições. Pedir que tragam em CD ou pen drive uma música ou um vídeo do ritmo escolhido e que anotem as fontes da pesquisa.

Aula 2

Para iniciar a aula, pedir que os alunos retomem a formação dos grupos como na aula passada. Retomar brevemente os principais tópicos abordados anteriormente e, em seguida, propor que compartilhem os resultados de suas pesquisas. Os comentários podem ser breves; o importante é que os alunos apresentem as principais características e a origem do ritmo escolhido. Na lousa, anotar as palavras-chave para identificar os ritmos, considerando os seguintes tópicos:

Nome do ritmo (capoeira, coco, maculelê, jongo etc.).

Origem.

Principais características.

Principais instrumentos usados.

Regiões e festejos em que o ritmo é presente.

Vale lembrar que as origens dos ritmos afro-brasileiros ainda são muito discutidas, afinal, muitas características ou elementos africanos são incorporados às manifestações culturais e artísticas, que se modificam e enriquecem, ganhando características próprias. Para que todos os grupos apresentem o ritmo escolhido, será preciso calcular a quantidade de músicas ou vídeos. Se a turma estiver organizada em muitos grupos, será necessário exibir somente alguns trechos do material pesquisado.

Nesse momento, a ideia é que ocorra a troca das informações investigadas pelos alunos. Fazer alguns apontamentos para questões, como a presença da matriz africana e sua importância/contribuição não só para as manifestações artísticas e culturais brasileiras, mas também em outros âmbitos (social, histórico etc.). O intuito é observar a mescla entre culturas de diferentes povos e países, bem como a maneira como o sincretismo é marcante não só na sociedade, mas também na música e nos ritmos brasileiros.

Durante a conversa, cada aluno pode apontar qual ritmo lhe chamou mais a atenção, quais instrumentos achou interessantes, se já conhecia ou se participou de festejos em que esses ritmos aparecem. Outros pontos a serem analisados nos vídeos de danças e festejos são os elementos do cenário (se houver), o figurino e a dança.

Para a próxima aula, pedir que os grupos pesquisem pelo menos dois instrumentos característicos do ritmo que escolheram anteriormente. Por exemplo, se um grupo pesquisou a respeito do jongo e escolheu os tambores caxambu e candongueiro (predominantes nesse ritmo), poderá investigar formas de confeccioná-los com objetos acessíveis. Os grupos deverão coletar objetos recicláveis ou descartados, miudezas sem uso e materiais orgânicos, como sementes, pedras e outros. Com esses materiais e com base na pesquisa realizada, deverão elaborar um esboço de como produzir os instrumentos escolhidos. Os materiais e o esboço serão utilizados na aula seguinte. Por fim, pedir que respondam às seguintes perguntas no caderno ou no Diário de Arte:

1. O sincretismo ocorre em diversas sociedades do mundo, inclusive na brasileira, onde é muito marcante. Além dos ritmos, das músicas, das danças e dos festejos, onde ou em que você percebe o sincretismo afro-brasileiro?

Resposta pessoal. Além dos ritmos, das músicas, das danças e dos festejos, são inúmeras as possibilidades de resposta. Os alunos podem notar vestimentas, religiões, comidas, costumes, lendas etc.

2. Para você, de que maneira as contribuições da matriz africana se refletem na cultura brasileira?

Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reconheçam a trajetória dos povos africanos no Brasil, valorizando sua importância no processo de sincretismo e construção da identidade brasileira. Isso se reflete nas ricas manifestações afro-brasileiras.

Essas e outras questões podem ser registradas no caderno dos alunos, como uma maneira de avaliar o processo de ensino-aprendizagem ao longo e no final do bimestre. Sugerimos a utilização do Diário de Arte para que, no decorrer das aulas, cada aluno anote suas reflexões, palavras-chave, pontos ou tópicos significativos para ele, dúvidas, curiosidades, desenhos, colagens, ideias, registros das aulas e temas abordados.

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GoodMood Photo/Shutterstock.com

Tambores djembê africanos e caxixi. Instrumentos musicais de percussão.

Aula 3

Para iniciar a aula, pedir que os alunos se organizem em grupos para a confecção dos instrumentos. A partir da pesquisa, do esboço e dos materiais coletados, é possível pensar nas sonoridades originais dos instrumentos pesquisados e testar diversas materialidades em sua confecção. É interessante que explorem as propriedades sonoras dos instrumentos; por exemplo, quais materiais produzem sons graves ou agudos, mais intensos ou suaves e longos ou curtos. Além disso, é importante que busquem atribuir aos seus instrumentos uma característica única.

Para a confecção dos instrumentos, orientar os alunos quanto ao manuseio de objetos que possam machucá-los (como aqueles com rebarbas), da tesoura e da cola quente. Para a estilização dos instrumentos, podem utilizar fitas adesivas variadas e coloridas, papéis diversos, retalhos de tecido, canetas, tintas etc. O que vale é utilizar a criatividade e a imaginação.

Após a confecção em grupo dos instrumentos, a próxima etapa será investigar maneiras de tocá-los. Cada grupo ficará responsável por pesquisar uma frase rítmica ou um pequeno trecho e demonstrá-lo na aula seguinte, utilizando os instrumentos confeccionados. Orientá-los para que pesquisem trechos simples do ritmo escolhido, podendo demonstrar simplesmente a batida.

No caderno ou no Diário de Arte, podem ser registrados o processo criativo na confecção dos instrumentos, as descobertas e as dificuldades com que os alunos depararam e o que acharam interessante ao longo dessa etapa. Ilustrações, fotografias, colagens e textos são bem-vindos para compor esse registro.

Aula 4

Pedir aos alunos que se organizem em semicírculo (ou em círculo) e combinar uma forma para demonstrarem o ritmo investigado com os instrumentos que confeccionaram, de modo que todos se sintam confortáveis. Uma sugestão é que o grupo demonstre uma vez o ritmo e, em seguida, os demais grupos tentem reproduzi-lo com seus instrumentos. Diversos timbres e sonoridades surgirão.

Perguntar se a turma se recorda das músicas e dos vídeos apresentados na Aula 1 para que possam estabelecer relações com a interpretação dos grupos. Nesse momento, a experimentação é essencial para que se crie uma atmosfera confortável, reflexiva e criativa, em que simultaneamente os alunos possam aguçar a percepção. É importante que, a cada demonstração, comentem a respeito de suas impressões e sensações sobre o ritmo. Em seguida, fazer as seguintes perguntas:

Qual ou quais ritmos lhe chamaram mais a atenção? Por quê?

Como seu corpo reage ao som desses instrumentos e ritmos?

Quais sonoridades você achou interessantes nos instrumentos confeccionados?

Na música, existem diversas formas de registrar, escrever e representar os sons graficamente; a partitura é uma delas. Você conhece outras formas de escrever os sons?

Convidar os alunos a criar uma forma de representar e escrever os ritmos demonstrados. Para isso, explicar brevemente como os sons agudos, médios e graves são representados na partitura, por meio da localização das notas no pentagrama. Pedir a alguns alunos que emitam um som de algum objeto, do corpo ou do próprio instrumento confeccionado e analisar as propriedades sonoras do som produzido. Perguntar qual onomatopeia poderia representar esse som, quais cor, textura e forma ele poderia ter; registrar na lousa as respostas. A ideia é que os alunos desenvolvam a capacidade de simbolizar e representar os sons, explorando sua grafia de maneira criativa. Convidá-los a criar uma escrita musical para um dos ritmos apresentados. Realizar essa experimentação, ainda que brevemente, para que os alunos vivenciem a notação musical não convencional. Dessa forma, poderão criar, posteriormente, partituras não convencionais e interpretá-las. Depois de terem passado por essas etapas da pesquisa e experimentação, os alunos podem nomear seus instrumentos. Todos os registros podem ser realizados no caderno ou no Diário de Arte. Pedir aos alunos para trazer os instrumentos na próxima aula ou, se for possível, guardá-los em algum local na escola.

Aula 5

Organizar os alunos em círculo e solicitar que abram o caderno ou o Diário de Arte onde registraram os sons produzidos na aula anterior e retomem o que foi discutido. Perguntar o que se lembram das experimentações passadas e das representações criadas para cada som. Convidar um aluno para escrever na lousa um dos sons registrados em seu caderno e perguntar se ele pode reproduzi-lo da mesma forma. Possivelmente, muitos alunos não vão recordar os sons representados, pois criaram símbolos e representações no momento em que ouviam os ritmos. Cada aluno criou o próprio sistema de notação, portanto um mesmo som pode ter sido representado de diversas formas. Fazer essa experiência com alguns alunos.

Em seguida, desenhar um pentagrama na lousa e pedir para um aluno produzir um som em alguma parte da sua mesa. Perguntar como a turma classificaria esse som: agudo, médio ou grave. A princípio, pode ser difícil analisá-lo, mas, se outro aluno produzir um som oposto ao do primeiro, será mais fácil compará-los e classificá-los.

O pentagrama, assim como na partitura convencional, definirá a altura dos sons (ou notas). As demais propriedades, como intensidade, duração e timbre, serão analisadas e classificadas até que a turma chegue a um consenso. Dessa forma, os alunos notarão que a escrita a partir de parâmetros possibilita a leitura musical em conjunto. No entanto, assim como os intérpretes (ou músicos), é possível interpretar um mesmo som ou partitura de formas distintas, afinal, é preciso considerar a singularidade, a poética de cada um. As perguntas a seguir podem instigar a reflexão da turma:

Vocês já ouviram falar sobre poética? O que será que ela significa?

Já ouviram uma mesma música em diferentes versões, ou seja, interpretada por vários artistas ou músicos?

A ideia é que os alunos reflitam sobre a singularidade das pessoas; é importante que eles compreendam que cada um possui sua poética, seu modo de ler e interpretar o mundo e seu entorno, de criar e recriar, de sentir e se expressar. O mesmo ocorre com a música: um som ou uma música podem provocar diferentes sensações, impressões e emoções nas pessoas.

Provavelmente, muitos já devem ter ouvido uma música em diferentes versões. Poderão perceber que, na aula anterior, ao analisarem, representarem e reproduzirem um som, eles recriaram os sons originais, atribuindo-lhes uma nova interpretação.

É importante que compreendam que não se trata de copiar o som, mas de ouvi-lo ou codificá-lo para, então, representá-lo à sua maneira. Partindo dessa ideia, propor aos alunos a seguinte experimentação coletiva: Inspirando-se nos ritmos afro-brasileiros abordados anteriormente, criem o próprio ritmo. Para isso, eles devem utilizar os instrumentos que criaram em grupo e outros objetos não convencionais, bem como a percussão corporal. A partir do ritmo, a ideia é que criem uma composição de 1 a 3 minutos (estipular um tempo com a turma). Para essa proposição, sugerimos a realização das seguintes etapas:

Explorar os sons dos instrumentos confeccionados, objetos variados e percussão corporal.

Criar o ritmo, registrando-o graficamente.

Criar uma escrita-padrão para representar os sons dos instrumentos.

Criar uma composição utilizando o ritmo.

Criar passos de dança para acompanhar o ritmo, se eles desejarem.

O compasso utilizado pode ser de um dos ritmos pesquisados pelos alunos, porém é válido que explorem outros compassos. O ritmo será a base da composição: ele poderá ser criado a partir dos sons dos instrumentos, dos sons corporais ou de objetos variados. Tendo o ritmo como base, os alunos poderão compor e improvisar diferentes sons.

A composição será registrada por meio de notação musical não convencional e, para isso, os alunos poderão combinar formas, figuras, linhas, cores, texturas e outras formas de simbolizar ou representar os sons. Durante o processo, orientá-los em relação à construção dos compassos e à marcação da pulsação. É essencial esclarecer as dúvidas da turma e acompanhar de perto o processo criativo de cada um. Para essa proposta, será necessário mais de uma aula.

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Alena Kaz/Shutterstock.com

Instrumentos da capoeira.

Aula 6

Começar a aula estipulando um tempo para que os alunos finalizem a atividade de registro não convencional da composição musical que iniciaram na aula anterior. Depois, pedir que se organizem em círculo. Perguntar quais impressões tiveram das experimentações e o que acharam mais interessante e significativo ao longo das aulas. Aproveitar o momento para obter um feedback em relação às propostas. Individualmente, cada aluno pode registrar suas impressões finais dos processos de criação e diálogos realizados. O Diário de Arte será uma ferramenta para auxiliar no processo avaliativo; além disso, o aluno pode realizar uma autoavaliação ao analisar, registrar e refletir sobre seu desenvolvimento pessoal e criativo. Propor aos alunos que apresentem sua composição para outras turmas da escola e combinar com a direção local e dia para a apresentação.

Por fim, pedir que reflitam e respondam à seguinte questão:

Nas aulas iniciais, vocês responderam a uma pergunta sobre a importância das contribuições da matriz africana para as manifestações culturais e artísticas brasileiras. Depois de todo o diálogo e dos processos pelos quais vocês passaram, tentem responder novamente a essas questões e perguntem-se: algo mudou em meu ponto de vista?.

Os alunos podem compartilhar suas respostas e observações com os colegas.

Para trabalhar dúvidas

Algumas dúvidas podem surgir ao longo das aulas e é essencial observar atentamente a turma, orientando-a quando necessário. Uma possível dúvida que pode surgir é em relação à notação musical. Muitos alunos podem não ter tido contato com a partitura convencional, e o primeiro contato pode ser muito abstrato para eles. Nesse caso, sugerimos mostrar aos alunos algumas imagens de partituras não convencionais para que compreendam como se dá a relação simbólica ou representativa entre os sons e as maneiras de representá-los graficamente. A utilização do pentagrama de maneira não convencional é importante para que os alunos se habituem à escrita musical.

Ao longo das discussões, os termos matrizes africanas e sincretismo aparecerão frequentemente. Se surgirem dúvidas em relação a esses termos, retomar a conversa e esclarecê-las. Para que os alunos percebam a influência da matriz africana nos ritmos ou nas danças, pedir para pesquisarem danças ou ritmos típicos de algumas regiões da África que podem ter influenciado as danças e os ritmos brasileiros. Exibir um vídeo de uma dança ou um ritmo afro-brasileiro e, em seguida, de uma dança ou um ritmo da África. Perguntar se os alunos observam semelhanças tanto nas sonoridades dos instrumentos quanto nos passos de dança.

Ampliação

Organizar uma exposição interativa na escola com o tema cultura afro-brasileira. As manifestações artísticas e culturais podem ser compartilhadas com outras turmas por meio de uma exposição em que os alunos apresentem sua composição musical e, ao mesmo tempo, os instrumentos confeccionados por eles.

A exposição pode funcionar da seguinte maneira: os alunos podem se dividir em grupos e cada grupo fica responsável por planejar um espaço. Por exemplo: na exposição, pode haver um espaço para expor os instrumentos musicais (que também podem ser espalhados), outro para a apresentação da composição dos alunos e outro ainda para expor imagens, fotografias, colagens e textos de autoria dos alunos, contendo curiosidades, observações e informações sobre a cultura afro-brasileira. Os visitantes podem interagir com os instrumentos ao longo da exposição.

Combinar com a direção da escola uma data e um local para realizar a exposição e pedir para os alunos pesquisarem algumas exposições, investigando as possibilidades de organizar uma na escola.


Fonte: PNLD